O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) disse avaliar todas as possibilidades de reação após os Estados Unidos anunciarem a imposição de uma tarifa adicional de 10% sobre produtos brasileiros, inclusive acionar a OMC (Organização Mundial do Comércio).
“O governo brasileiro avalia todas as possibilidades de ação para assegurar a reciprocidade no comércio bilateral, inclusive recurso à Organização Mundial do Comércio, em defesa dos legítimos interesses nacionais”, disse em nota conjunta assinada pelo Ministério das Relações Exteriores e pelo Mdic (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
Sem descartar eventual retaliação, o governo brasileiro destacou no texto a aprovação pelo Congresso Nacional do PL (projeto de lei) que impõe a reciprocidade nas relações comerciais do Brasil com outros países. A proposta teve uma tramitação acelerada, com apoio de ruralistas e governistas.
O governo Lula afirmou que lamenta a decisão tomada pelo presidente Donald Trump e que se mantém aberto “ao aprofundamento do diálogo estabelecido ao longo das últimas semanas com o governo norte-americano para reverter as medidas anunciadas e contrarrestar seus efeitos nocivos o quanto antes”.
Em nota, o governo brasileiro afirmou também que a nova medida, bem como as demais tarifas impostas sobre os setores de aço, alumínio e automóveis, viola os compromissos assumidos pelos americanos perante a OMC e impactará todas as exportações brasileiras de bens para os EUA.
“Em defesa dos trabalhadores e das empresas brasileiros, à luz do impacto efetivo das medidas sobre as exportações brasileiras e em linha com seu tradicional apoio ao sistema multilateral de comércio, o governo do Brasil buscará, em consulta com o setor privado, defender os interesses dos produtores nacionais junto ao governo dos Estados Unidos”, acrescentou.
Nesta quarta-feira (2), Trump anunciou que vai impor tarifas que ele considera recíprocas sobre produtos comprados de outros países. Em quadro mostrado pelo republicano, o Brasil aparecey com taxa de 10%.
“Estamos sendo muito gentis, somos pessoas muito gentis. Nós vamos cobrar aproximadamente metade daquilo que eles nos cobram. As tarifas não serão completamente recíprocas”, afirmou Trump.
Para o Brasil, a alegação dos americanos para a imposição unilateral de tarifa adicional de 10% ao Brasil de que há necessidade de reestabelecer o equilíbrio e a reciprocidade comercial “não reflete a realidade”.
O governo brasileiro ressaltou que os EUA registram recorrentes e expressivos superávits comerciais em bens e serviços com o Brasil ao longo dos últimos 15 anos, totalizando US$ 410 bilhões.