Um dos maiores candidatos a “o grande romance americano” faz cem anos. “O Grande Gatsby” foi lançado em Nova York, em 10 de abril de 1925. Seu autor, Scott Fitzgerald, já era famoso pelos dois primeiros romances, hoje esquecidos. “O Grande Gatsby” não fez sucesso na época, apesar de críticas favoráveis.
Foi preciso o governo dos Estados Unidos mandar milhares de exemplares aos soldados na Segunda Guerra Mundial para que o livro ganhasse o mundo. Hoje há cinco ou seis versões cinematográficas da história narrada por Nick Carraway.
Muito se bebe em “O Grande Gatsby”. Rios de champanhe nas festas de Jay Gatsby, o misterioso milionário (na verdade um chefão do contrabando de bebidas na Lei Seca). Muito bourbon, altos highballs, mint juleps e gin rickeys, além de vinhos e licores. Coquetéis são mencionados, mas não especificados. Podemos suprir a ignorância com imaginação e supor que muitos deles eram martínis.
A chance é enorme. Há pelo menos 200 tipos de martíni. Verdade que uma boa parte foi criada depois do Gatsby. Mas há clássicas variações do martíni que existem desde o começo do século 20. O reverse martíni, por exemplo, que inverte a receita tradicional: a bebida dominante aqui é o vermute francês, o dry, com o gim sendo coadjuvante. A famosa autora de livros de culinária e apresentadora Julia Child era fã.
O perfect martíni (também chamado de medium ou queen) não se limita ao vermute seco, mas adiciona à equação o vermute doce. A receita foi publicada pela primeira vez em “The Savoy Cocktail Book”, de Harry Craddock. O livro é de 1930, mas o martíni perfeitamente equilibrado já circulava havia algum tempo.
James Bond inventou, pela pena do autor, o vesper martíni, que junta vodca e Lillet à mistura consagrada. E retomou a versão batida, não mexida, que nada mais é que o Bradford, alternativa dos primórdios do martíni.
Nos anos 1980, a esbórnia de cores e sabores ditava as regras na coquetelaria. O ambiente, exagerado, cafona e ao menos divertido, era o oposto da elegância clássica de um dry martíni. A década seguinte mostrou uma reação. Drinques foram criados para a icônica taça em V, nem sempre variações próximas do martíni. Mesmo assim, levavam o nome evocativo para resgatar a classe perdida.
O breakfast martíni é dessa leva, assim como o french martíni e o pineapple martíni. São os chamados neo-martínis, “altern’atínis” ou martínis do millenium. Novos takes de um filme antigo. Estão para a fórmula original como a caipirinha de jabuticaba está para a de limão. Muitas vezes são até mais diferentes, como o espresso martíni, que não tem sequer um ingrediente do trio sagrado gim-vermute-azeitona.
O hunk martíni também é dos anos 1990. Tornou-se o coquetel favorito das amigas de “Sex and the City”, que em algum ponto da série (2003) deixaram de lado o cosmopolitan. Foi uma boa troca? Logo saberemos. Com brinde a “O Grande Gatsby”.
Hunk martíni
50 ml de vodca saborizada com baunilha
40 ml de suco de abacaxi
10 ml de suco de limão
5 ml de xarope de açúcar (na proporção 2 por 1)
Bata os ingredientes com gelo e coe para uma taça martíni. Acrescente uma cereja marrasquino.