O BofA (Bank of America) afirmou que uma possível decisão da Apple de transferir a produção do iPhone para os EUA pode dobrar o custo de fabricação do dispositivo e criaria dores de cabeça logísticas.

“O custo do iPhone pode aumentar 25% simplesmente por causa do maior custo de mão de obra nos EUA”, escreveram analistas do BofA liderados por Wamsi Mohan em nota aos clientes nessa quarta-feira (9).

Embora a gigante da tecnologia consiga mão de obra local para a montagem, uma “parcela significativa” das peças usadas na fabricação do iPhone ainda seria montada na China e importada para os EUA, apontaram os analistas.

Caso a Apple tenha de pagar tarifas recíprocas sobre essas importações, seu custo total aumentaria 90% ou mais, estimou o BofA.

A estimativa é divulgada no momento em que o presidente dos EUA, Donald Trump, se concentra na China em sua luta comercial. O governo suspendeu suas tarifas recíprocas sobre dezenas de países por 90 dias, mas aumentou suas taxas sobre a China para 125%. Enquanto isso, a China impôs taxas retaliatórias de 84% sobre produtos fabricados nos EUA.

As ações da Apple subiram 15,3% nessa quarta-feira, mas elas ainda não se recuperaram da perda de 23% registrada em todo este ano. A empresa perdeu US$ 479 bilhões em valor de mercado em 2025.

A Rosenblatt Securities alertou na semana passada que os impostos poderiam “explodir” as ações. Dan Ives, da Wedbush, um veterano otimista do setor de tecnologia, cortou sua meta de preço, observando que uma disputa tarifária seria um “desastre completo” para a empresa.

Ao mesmo tempo, o medo de aumento de preço impulsionou a compra desesperada de iPhones no último fim de semana.

Para que a Apple viabilize a transferência da montagem final de seus iPhones para os EUA, seria necessário isentar tarifas sobre componentes e subconjuntos fabricados fora do país, escreveu Mohan. No entanto, ele não vê isso acontecendo.

“A menos que fique claro o quão permanentes as novas tarifas serão, não esperamos que a Apple tome a iniciativa de transferir a produção para os EUA”, avaliou Mohan, que mantém recomendação de compra e preço-alvo de US$ 250 para as ações, que atualmente estão sendo negociadas acima de US$ 190.

“Esperamos, no entanto, que a Apple continue a diversificar sua cadeia de suprimentos e também aumente a produção de iPhones em outros países, como a Índia”, complementou o analista.