Os números do Datafolha, apontando que a maioria dos brasileiros vê a economia piorar, mostra o tamanho da encrenca que tem sido para o presidente Lula o desconforto da população com a alta dos preços dos alimentos.
A pesquisa revela que, para a maior parte dos entrevistados, o poder de compra dos salários vai encolher nos próximos meses. É um péssimo sinal para o futuro. O mau humor retroalimenta a irritação com o governo.
A expectativa de auxiliares do presidente era de uma reversão da imagem negativa da economia a partir do segundo semestre com o processo de desaceleração da inflação e a supersafra. Agora, já não há a mesma confiança.
O governo não consegue capturar a fotografia completa do cenário econômico e político que faz com que a maioria dos brasileiros tenha uma visão tão ruim da economia enquanto muitos indicadores seguem positivos. As pesquisas encomendadas não dão as respostas e a comunicação certamente não é o único problema.
De certa forma, a percepção negativa capturada pelos pesquisadores foi referendada com a divulgação, nesta sexta-feira (11), do IPCA de março.
Os preços da chamada alimentação no domicílio encareceram 1,31% em março, com as altas do tomate (22,55%), do ovo de galinha (13,13%) e do café moído (8,14%). Com ajuste sazonal, a inflação de alimentos está rodando acima de 10%.
Lula procura o culpado pela alta dos preços de alimentos e reclama do “pilantra” que elevou muito o preço do ovo e da “mulherzinha” do FMI, que fez previsões ruins para o crescimento do Brasil.
As críticas alimentam notícias, mas de nada adiantam. Lula não encontrou o pilantra que estaria fazendo o preço subir para prejudicar o seu governo.
O presidente tem poucos instrumentos para enfrentar no curto prazo o problema. Os ministros mais esclarecidos de temas econômicos já entenderam a situação. É não atrapalhar.
A cruzada tarifária de Donald Trump pode ajudar, mas depois da disparada do dólar desta semana com a reação da China, tornou o cenário muito mais incerto.