A atual guerra tarifária promovida pelo governo Donald Trump irá enfraquecer o dólar ante seus pares globais e esta pode ser a estratégia da Casa Branca, avalia Guilherme Benchimol, fundador e presidente executivo do conselho de administração da XP Investimentos.
“Espero que o Trump tenha um plano. Só não entendi o plano ainda. Tudo me leva a acreditar que teremos um dólar mais fraco. Se a economia americana vai frear, e eu acho que o Trump quer isso —até porque ele está começando o mandato, então, é importante talvez fazer as “maldades” no começo—, teremos um dólar fraco”, disse o executivo durante evento da Fami Capital, nesta sexta-feira (11).
“A economia americana é uma caldeira a pleno valor. Se a caldeira continuasse no ritmo que estava, ela iria explodir porque a economia tinha crescido já por muitos anos, não tinha mais folga em nenhum indicador, em taxa de emprego, em nada, com a Bolsa extremamente cara. Então, tinha que dar uma freada”, afirmou o economista —o PIB (Produto Interno Bruto) dos EUA cresceu 3,2 e 2,4% nos dois últimos anos, respectivamente, com uma taxa de desemprego perto da mínima histórica e com a inflação elevada.
Para Benchimol, a desvalorização da moeda americana é uma oportunidade para países emergentes, especialmente para o Brasil, que está com o preço dos ativos abaixo da média histórica.
“A despeito de o mundo continuar difícil, complexo, confuso, etc. Se o Brasil fizer o dever de casa, conseguimos atravessar esse momento superbem.”
Segundo ele, o S&P 500, mesmo com as recentes quedas, negocia a 20 vezes o lucro esperado para as empresas que compõem o índice. Já o Ibovespa está a oito vezes o lucro esperado.
“Vendo tudo o que não crescemos nesses últimos anos, temos oportunidade enorme de avançar e não dependemos de ninguém. Basta fazermos o dever de casa. Quando você faz o dever de casa e ajusta as contas do governo, os juros futuros caem”, afirmou o fundador da XP.
De acordo com o economista, o ajuste virá em 2027, dado o custo político das eleições.
“Se os governos não fizerem a coisa correta, o câmbio sobe e traz mais inflação, os juros ficam mais caros e aí você tem a transição de governo. Então, de um jeito ou de outro, as coisas vão dar certo. Eu adoraria que esse governo cada vez mais acertasse mais porque eu brasileiro e quero que as coisas vão na direção certa. Mas, se não acertar, a democracia vai corrigir, é por isso que sou otimista”, disse Benchimol.