A Páscoa é a Black Friday para a Lojas Americanas. A venda de chocolates e ovos de Páscoa ajudou a restabelecer a confiança na empresa, abalada por um rombo contábil que a levou à recuperação judicial em 2023.
Devido a regras estabelecidas pela CVM (Comissão de Valores Mobiliários), a companhia não quer divulgar a meta de vendas para este ano. No ano passado, arrecadou R$ 1 bilhão com chocolates nos dias que antecederam ao feriado religioso, batendo a meta de crescer 20% em relação a 2023. Se o aumento for no mesmo nível seriam R$ 1,2 bilhão em 2025.
Como as varejistas geralmente fazem na Black Friday, a Americanas iniciou campanha de propaganda 40 dias antes do domingo de Páscoa, em 20 de abril, nas 1.600 lojas, no seu site e no aplicativo para celular.
A estratégia para este ano também inclui a contratação de 6.500 funcionários temporários e o aumento em 20% dos produtos disponíveis em lojas físicas do Norte e Nordeste. Segundo a Americanas, há aumento de demanda nessas regiões.
“Temos uma relação de longa data com nossos fornecedores, que reconhecem a importância da Americanas para a distribuição e o acesso a produtos de Páscoa. Estamos presentes física e digitalmente em todos os cantos do País e isso, somado à nossa proposta de valor, faz toda a diferença na experiência para clientes e parceiros”, afirma Osmair Luminatti, vice-presidente comercial da companhia.
Na noite de 11 de janeiro de 2023, a Americanas comunicou fato relevante ao mercado a respeito de inconsistências em lançamentos contábeis que chegaram a R$ 25 bilhões. Em seguida, o CEO Sergio Rial e o CFO André Covre renunciaram. Oito dias depois, a empresa fez pedido de recuperação judicial.
Investigação constatou manipulação de balanços e problemas nos registros das dívidas com bancos e fornecedores. Quase mil lojas foram fechadas.
Para a Páscoa daquele ano, a companhia teve de antecipar pagamentos e reduzir volumes para garantir o abastecimento de ovos. Quase todas as 13 milhões de unidades foram negociadas, superando a marca de 2022.
As vendas do ano passado reforçaram, segundo a Americanas, o foco na Páscoa como a data comercial mais relevante do primeiro semestre, assim como apontou novas bases no relacionamento com fornecedores.
Para Luminatti, uma das principais características nesta data é o número de produtos e marcas.
“Esta variedade no sortimento é o nosso diferencial”, completa.
O otimismo acontece apesar da alta no preço internacional do cacau, o que se reflete nos preços para o consumidor. O custo cresceu 180% nos últimos dois anos. Houve quebra da safra dos principais produtores africanos no segundo semestre de 2024 devido a problemas climáticos. O continente representa 70% do cacau vendido no mundo. Apenas a Costa do Marfim é responsável por 45% e é o maior exportador do planeta.
Em dezembro último, a tonelada do cacau chegou a US$ 11.040 (R$ 64,3 mil na cotação atual) na bolsa de Nova York, um aumento de 163% em comparação ao final de 2023.
Para justificar a expectativa de vendas criadas e driblar a alta de preços, a Americanas fechou acordos de exclusividade para ovos de Páscoa de algumas marcas. Exemplos são o Bis branco, da Lacta; o Charge, da Nestlé; chocolate da Fini, além de tabletes KitKat, Cheesecake Caramelo Salgado e edição especial das barras Hershey’s, entre outros produtos. A empresa também tem a marca própria, a Delice.