/ Apr 17, 2025

Tarifas de Trump: iPhone de US$ 10 mil e fuga do dólar – 12/04/2025 – Vinicius Torres Freire

O preço do iPhone e um começo de fuga bananeira de capitais e do dólar fizeram Donald Trump fugir da própria raia duas vezes na semana que passou.

Na quarta-feira (9), suspendeu impostos de importação mais economicidas. Na virada de sexta para sábado, por meio de nota burocrática da Alfândega, liberou importações de produtos e de peças e máquinas essenciais para a produção de eletrônicos, mesmo vindos da China.

Até Trump pisca de nervoso. Mas pode dizer que deu um oizinho amigo para a China, bastante para a abertura de negociações —pelo menos foi um oizinho para as “techs” que lhe dão dinheiro.

No começo da semana passada, parte dos dinheiros do mundo evaporavam. Espalhava-se a conversa de recessão, temor expresso em público até por gente como Larry Fink, presidente da BlackRock, que administra mais de US$ 11 trilhões (R$ 64,57 trilhões) de investimentos. Ouvia más notícias de clientes graúdos.

Mais grave, o coração da finança mundial parecia sob risco de infarto, diziam os mais alarmados, como em 2008 ou 2020, risco de paralisia do mercado de US$ 28,96 trilhões (R$ 169,99 trilhões) da dívida do governo americano.

Até trumpistas do fundo sombrio da alma faziam troça desesperada da guerra comercial. “Não vejo a hora de comprar meu iPhone de US$ 10 mil feito nos EUA”, tuitou Ryan Cohen, dono da GameStop, varejista de jogos eletrônicos. Se é preciso explicar: os iPhones são feitos na China e no sul-sudeste da Ásia; o aparelho importado custa de US$ 600 a US$ 1.000 (R$ 3.521,88 a R$ 5.869,80) nos EUA.

Um financista trumpista, Bill Ackman, pediu a suspensão das “tarifas” mais daninhas por 90 dias.

No domingo passado (6), o secretário de Comércio, Howard Lutnick, ainda pregava o credo lunático em entrevista à CBS: “Sabe o exército de milhões e milhões de seres humanos aparafusando pequenos parafusos para fabricar iPhones? Esse tipo de coisa vai vir para os Estados Unidos. Vai ser automatizado e os grandes americanos —a capacidade [tradecraft] da América_ vão consertá-los, vão trabalhar neles”.

No meme viral que teria vindo da China, americanos obesos, suarentos e emporcalhados de comida tentavam desastrada e lentamente montar eletrônicos e costurar tênis.

Banqueiros americanos começaram a dizer que o caldo engrossara. Os donos do dinheiro grosso estavam vendendo até títulos da dívida do governo dos EUA, antes um refúgio para dias de tumulto. Isto é, as taxas de juro subiam. Na semana anterior, Trump comemorava seu “feito” de baixar os juros —o que era apenas reflexo de pânico.

Trump recuou e se concentrou na frente de batalha com a China. Tenta limpar sua imagem com a grande empresa, liberando importações de máquinas de fazer chip, telefones, telas planas, computadores (“de até 10 kg”), semicondutores, circuitos integrados, equipamentos de memória, leitores óticos, monitores etc.

Embora o cheiro de queimado fosse forte no mercado de dívida, pouco se sabe do que houve (e talvez nunca se saiba); talvez o alarme de colapso fosse precoce. Mas assustou a banca e Trump. Na dúvida, a presidente do Fed de Boston, Susan Collins, disse que o BC dos EUA faria transfusão de sangue, se necessário, como em 2008 e 2020. Exagero?

“Agora existe um bom argumento para o fim do excepcionalismo do dólar”, disse ao Bob Michele, diretor de investimento da gestora do JP Morgan, que cuida de US$ 3,6 trilhões, ao jornal Financial Times.

O medo é grande de novo.


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