Dessa vez, nem o peso da camisa ajudou o Real Madrid. Em nova partida de pouca inspiração ofensiva, a equipe espanhola esteve longe de conseguir vencer o Arsenal nesta quarta-feira (16) pela diferença mínima de três gols para igualar a disputa pelas quartas de final da Champions e arrastar a definição da vaga nas semifinais para a prorrogação.
Pior do que isso: em casa, a equipe espanhola foi novamente derrotada, por 2 a 1. Todos os gols saíram no segundo tempo: Saka abriu o marcador, Vinicius Junior empatou e Martinelli, nos acréscimos, deu a vitória aos ingleses.
Acostumado a viradas, muitas vezes, improváveis na competição, o Real Madrid pagou o preço pelo fraco jogo que fez na Inglaterra, na primeira perna, quando a vitória do Arsenal por 3 a 0 foi pouco pelo volume ofensivo dos ingleses. Mesmo com a derrota, o goleiro Courtois ainda foi um dos melhores em campo.
O camisa 1 voltou a aparecer bem diante de seus torcedores. Ainda no primeiro tempo, aos 12 minutos, ele defendeu um pênalti cobrado por Saka, que poderia tornar ainda mais difícil a missão madrilenha.
Poucos minutos depois, Mbappé tentou cavar uma penalidade para os donos da casa, mas o árbitro teve que anular sua marcação de campo após o VAR indicar um impedimento na jogada. A primeira etapa se resumiu nesses lances.
Bom para o Arsenal, que mantinha sua vantagem tranquila e caminhava para voltar à semifinal final do principal torneio de clubes da Europa após 16 anos. A última vez que o clube avançou até a penúltima fase da competição foi na edição de 2008/09, quando acabou eliminado pelo Manchester United, que viria a ser o vice-campeão, superado pelo Barcelona.
Nesta edição, o próximo adversário do time londrino será o Paris Saint-Germain —os dois sonham com a conquista inédita. Na outra chave, o Barça vai enfrentar a Inter de Milão, que eliminou o Bayern de Munique também nesta quarta.
O Arsenal vai embalado. Em Madri, depois do intervalo, quando o Real tinha apenas 45 minutos para fazer o que não conseguiu ao longo de três tempos, Saka conseguiu se redimir e abriu o placar aos 20, com um belo toque por cima de Courtois.
Só depois desse golpe a equipe comandada por Carlo Ancelotti teve alguma reação. Dois minutos depois, Vinicius Junior empatou a partida, deixando o agregado em 4 a 1. Foi o 105º gol do camisa 7 pela equipe de Madri, fazendo dele o brasileiro com maior número de gols pelo clube, descolando-se de Ronaldo, que somou 104.
A marca, porém, ficará marcada pela desclassificação dos atuais campeões da Champions League, numa temporada que tem frustrado os torcedores e pressionado o técnico Carlo Ancelotti.
O time está em segundo lugar no Campeonato Espanhol, a quatro pontos do líder Barcelona, restando sete rodadas para o fim do torneio. E enfrentará também o arquirrival na decisão da Copa do Rei, no dia 26.
Na véspera do segundo confronto com o Arsenal, ao ser questionado sobre o peso de uma possível desclassificação em sua permanência no clube, Ancelotti apostou em sua continuidade à frente da equipe.
“Eu creio que não [serei demitido]”, respondeu, sem se estender no comentário. No último fim de semana, a questão já havia sido levada ao técnico na véspera do confronto com o Alavés, pelo Espanhol. Na ocasião, ele disse que falaria sobre seu futuro apenas “ao fim da temporada”, lembrou que ainda tem mais um ano de contrato e afirmou que o clube sempre o apoiou, “sobretudo nos momentos de dificuldade”.
A imprensa espanhola, porém, tem noticiado nos últimos dias que a permanência dele no cargo depende dos resultados na reta final da temporada, sobretudo uma difícil reação no Espanhol, além de vencer seu maior rival na decisão da Copa do Rei —embalado nas competições nacionais, o Barcelona avançou para a semifinal da Champions e sonha com a tríplice coroa.
A CBF (Confederação Brasileira de Futebol), a distância, observa a situação de Ancelotti no Real. O presidente Ednaldo Rodrigues ainda não definiu um comandante para a seleção brasileira após a demissão de Dorival Júnior e não esconde sua admiração pelo italiano.
O contrato do treinador com o Real vai até o meio de 2026, mas a pressão após a queda na Champions pode abreviar o relacionamento do comandante com o time espanhol.