Torcedor assumido do San Lorenzo, o papa Francisco tinha como ídolo no futebol o atacante René Pontoni, um dos grandes nomes da história do clube de Buenos Aires e que também chegou a jogar no futebol brasileiro.
Após se tornar campeão argentino em 1946 e tricampeão sul-americano com a seleção da Argentina nos anos 1940, Pontoni desembarcou em São Paulo em 1952 para defender a Portuguesa naquele que ainda é considerado o melhor time de todos os tempos do clube, ao lado de nomes como Djalma Santos, Brandãozinho e Julinho Botelho.
Ele havia se recuperado de uma grave lesão no joelho direito e foi contratado pela Lusa a convite do técnico argentino Jim López.
Naquele ano, ele se tornou campeão do Torneio Rio-São Paulo, sem o mesmo desempenho demonstrado nos tempos de San Lorenzo, mas mostrando qualidade técnica em campo, com passes precisos aos companheiros.
Ele ficou no clube até o início do ano seguinte, quando perdeu espaço com a chegada do técnico Aymoré Moreira e decidiu voltar para a Argentina. Ao todo, disputou 17 jogos oficiais e marcou cinco gols.
Em entrevista ao UOL em 2021, Pontoni contou sobre a passagem de seu avô pelo futebol brasileiro.
“Quem conheceu meu avô sabia que ele usava o futebol para fazer amizades e viajar o mundo. Era o que hoje chamam de ‘espírito livre’, sempre com muita gente ao redor, muitos amigos, até dos times adversários. De São Paulo, lembro quando ele falava que o time (da Portuguesa) era muito bom e que a cidade era muito gostosa”, afirmou à época.
Além da Lusa e do San Lorenzo, René Pontoni também defendeu as cores de Newell´s Old Boys, da Argentina, Independiente Santa Fé e Deportes Quindío, ambos da Colômbia. Ele morreu em 1983, aos 62 anos de idade, em Santa Fé (ARG).
A relação do para Francisco com o atacante e o San Lorenzo começou no bairro de Flores, em Buenos Aires, onde Jorge Mario Bergoglio cresceu e onde fica a atual sede do clube. O pai de Bergoglio, Mario Giuseppe, era italiano e jogou basquete no clube. Nesse período, o filho o acompanha inclusive aos jogos do time no estádio.
Em carta ao San Lorenzo em 2013, após iniciar seu pontificado como papa, Bergoglio contou que havia assistido a todos os jogos da equipe na campanha do título argentino de 1946, quando tinha 10 anos.
Nesta segunda (21), após o anúncio da morte do papa, aos 88 anos, o clube divulgou uma nota nas redes sociais exaltando a torcida dele em toda sua vida.
“Nunca foi mais um e sempre foi um dos nossos. Cuervo desde criança e homem. Cuervo como sacerdote e cardeal. Cuervo também como papa. Sempre transmitiu sua paixão pelo Ciclón: quando ia ao velho Gasómetro para ver o time de 46, quando confirmava Angelito Correa na capela do CT, quando recebia as visitas azul e grená no Vaticano sempre com felicidade total… Sócio Nº 88235”, publicou o clube.