O Banco Master emprestou R$ 350 milhões ao empresário francês Alexandre Allard tendo como garantia suas ações no luxuoso hotel Rosewood. Allard era dono de 40% do seis estrelas erguido no complexo Cidade Matarazzo e, em meio à disputa com o grupo chinês CTF (Chow Tai Fook Enterprises Limited), dono do Rosewood, já teve sua participação reduzida para 35% no fim do ano por não quitado R$ 60 milhões, primeira parcela de uma dívida de R$ 100 milhões.
Como noticiou o Painel S.A., essa fatia poderá ser reduzida para 15% até agosto, caso o empresário não arque com sua parte no empréstimo feito pelos chineses.
Allard, segundo os documentos, ele tem de pagar R$ 100 milhões, sua parte no pagamento das debêntures (títulos de dívida) emitidas pela companhia para levantar recursos destinados à obra de finalização do hotel.
As ações de Allard no Rosewood, contudo, tinham sido dadas em garantia a um empréstimo contraído por Allard junto ao Master para quitar essa e outras dívidas.
O problema é que, como o CTF entrou com o dinheiro e Allard não compareceu, teve início um processo de diluição de sua participação no hotel. Ou seja, caso a dívida do empresário com o Master não possa ser paga, o banco não terá garantias suficientes para executá-la, ficando no prejuízo.
Amizade
Allard e Daniel Vorcaro, dono do Master, são amigos e o banco também está em uma situação complicada.
Em meio à venda de 49% de suas ações com direito a voto para o BRB (Banco de Brasília) por R$ 2 bilhões, Vorcaro vive sob pressão diante do vencimento de CDBs (títulos de curto prazo emitidos pelo banco) sem que haja recursos suficientes até o momento.
Uma das saídas é a venda de pedaços da instituição —ativos como sua carteira de consignado, que já foi avaliada pelo BTG Pactual e outras instituições e a própria carteira de crédito.
A carteira de crédito conta com as operações de financiamento diretamente ao cliente, seja ele uma pessoa física ou empresa. Os CDBs, por exemplo, não entram nesse grupo, mas empréstimos como o de Alexandre Allard integram essa carteira.
Como revelou o Painel S.A., o Banco Central prefere que outros bancos dividam essa carteira entre si, repartindo o eventual risco de perdas. O BRB informou que compraria 100% dessa carteira, mas aceita a repartição.
Em nota, Allard informou que “já organizou o reembolso do empréstimo de R$ 350 milhões” ao Master. O banco não quis comentar.
Com Stéfanie Rigamonti