A presidente do México, Claudia Sheinbaum, disse que ainda não há acordo com Donald Trump após os dois conversarem na semana passada sobre a suspensão das tarifas dos Estados Unidos.
Sheinbaum, nesta segunda-feira (21), afirmou que eles discutiram uma tarifa existente de 25% sobre veículos importados e uma equivalente sobre aço e alumínio.
“Não chegamos a um acordo, mas estabelecemos nossos argumentos. No caso do aço e do alumínio, estabelecemos que temos um déficit. Os EUA exportam mais aço e alumínio para o México do que o México para os EUA”, disse Sheinbaum em entrevista coletiva. “Nosso argumento é que, assim como em outros casos, aqueles produtos que entram sob o acordo de livre comércio deveriam ter tarifas zero.”
Autoridades mexicanas têm enfatizado que o país até agora evitou tarifas sobre todas as exportações, como Trump originalmente ameaçou, mas Sheinbaum está buscando garantir proteções adicionais para setores-chave. Ela tem destacado o valor do USMCA, o acordo de livre comércio entre México, Canadá e EUA. Uma preocupação maior é se investidores internacionais continuarão a impulsionar o crescimento do país em meio à incerteza.
A taxa sobre a pequena porção de mercadorias que ficam fora do acordo de livre comércio poderia ser objeto de discussões adicionais com o governo Trump, Sheinbaum disse à imprensa. Ela acrescentou que as conversas continuam após a ligação.
“Há comunicação no nível de ministros de comércio e economia, e no nível de presidentes”, disse Sheinbaum.
Trump, em uma postagem nas redes sociais na semana passada, havia dito que a ligação com Sheinbaum foi “muito produtiva”.
PREOCUPAÇÕES MAIORES
A parcela de veículos finalizados nos EUA segue isenta das tarifas, e o Ministério da Economia do México disse que visa progressos nas negociações antes de 3 de maio, quando as taxas especificamente sobre autopeças devem entrar em vigor.
Montadoras, incluindo a Stellantis NV Motor Corp, haviam interrompido parte da produção no México quando as tarifas entraram em vigor no início de abril. Outras montadoras disseram que não pagariam mais horas extras. A indústria é responsável por cerca de 30% das exportações totais do México, segundo Sheinbaum, o que significa que tarifas amplas poderiam causar um grande golpe na manufatura em seu primeiro ano no cargo.
Ambos os países também estão disputando o uso compartilhado de água ao longo da fronteira EUA-México e sobre se os produtores mexicanos estão vendendo tomates abaixo do preço.
O governo mexicano tem buscado maneiras de mostrar que é um parceiro disposto a colaborar com Trump. Atualmente, as táticas diplomáticas de Sheinbaum ajudaram a manter sua taxa de aprovação em 83%, de acordo com a última pesquisa do El Financiero.
Sheinbaum não impôs tarifas recíprocas aos EUA, evitando uma disputa maior com Trump e conquistando elogios entre alguns eleitores.
O vice-ministro da economia para comércio exterior, Luis Rosendo Gutierrez, disse que o México ficaria satisfeito em ter uma tarifa menor do que outros países, mesmo que a taxa não seja reduzida a zero. A maioria dos outros parceiros comerciais dos EUA agora enfrenta uma taxa de 10% enquanto espera que Trump defina quem poderá enfrentar taxas mais altas.
No início deste ano, o México também entregou criminosos de alto nível à administração Trump, incluindo alguns acusados de tráfico de drogas, e prometeu ajudar a interromper o fluxo de migrantes e fentanil para os EUA.
