Quase três meses após ingressar com uma ação civil pública contra o INSS e 33 associações por desvios de parte das aposentadorias e benefícios pagos, a Abradeb (Associação Brasileira de Defesa dos Clientes e Consumidores de Operações Financeiras e Bancárias) ainda aguarda a suspensão judicial dos contratos hoje sob investigação da Polícia Federal.
Como revelou o Painel S.A., na ação, que tramita na 4ª Vara Federal Cível de Vitória (ES), a Abradeb acusa o INSS de conivência porque, mesmo após as revelações e auditorias internas, o instituto continuou firmando acordos de cooperação técnica com associações que permitem os descontos direto nas folhas de pagamento dos aposentados. Entre 2019 e 2024, esse esquema movimentou R$ 6,3 bilhões.
O caso se tornou uma operação policial deflagrada pela PF nesta quarta (23) e pela CGU (Controladoria-Geral da União).
“Apesar da extrema relevância das medidas adotadas, importa salientar que o Judiciário teve a chance de coibir esses desvios desde o ano passado com as ações civis públicas da Abradeb e do Ministério Público Federal”, disse Raimundo Nonato, presidente da associação.
“Todas elas pediram para suspender os acordos de cooperação técnica dessas associações fraudulentas diante do mar de irregularidades dos descontos e não o fez.
Nonato reitera a urgência no deferimento desses pedidos pela Justiça.
Nos processos, a associação menciona investigações feitas pelo TCU (Tribunal de Contas da União), que reuniu documentos comprovando a rede de fraudes para tomar dinheiro dos aposentados. Mais de 90% dos descontos envolviam a adesão desse grupo às associações sem autorização dos beneficiários.
O caso levou ao afastamento do presidente do INSS, Alessandro Stefanutto, indicado pelo ministro da Previdência, Carlos Lupi.
Com Stéfanie Rigamonti
