A administração de Donald Trump vai facilitar a implantação de carros autônomos nas estradas dos EUA e afrouxar os requisitos de relatórios de acidentes, as mudanças mais significativas nas regras federais sobre veículos autônomos defendidas pelo CEO da Tesla, Elon Musk.

“Esta administração entende que estamos em uma corrida com a China para inovar mais, e os riscos não poderiam ser maiores”, disse o secretário de transportes dos EUA, Sean Duffy, na quinta-feira (24). “Nosso novo marco regulatório reduzirá a burocracia e nos aproximará de um padrão nacional único que estimula a inovação e prioriza a segurança”.

As mudanças feitas pela NHTSA (Sigla, em inglês, da agência do governo americano Administração Nacional de Segurança no Tráfego Rodoviário) eram demandas centrais de Musk e sua fabricante de veículos elétricos Tesla, que foi pioneira em assistência ao motorista e software autônomo em seus mais de 2 milhões de veículos nos EUA.

A Tesla planeja lançar uma frota de robotáxis —modelos futuristas sem volante ou pedais— em Austin, Texas, em junho. Para obter aprovação, a empresa precisa de uma isenção da agência para operar um carro não-padrão nas estradas americanas, algo que apenas uma startup conseguiu até agora.

Musk tem pedido um marco regulatório nacional para carros sem motorista que substitua o arcabouço de regras estaduais e municipais que dificultam alcançar uma escala lucrativa.

O homem mais rico do mundo também criticou veementemente os rigorosos requisitos de relatórios de acidentes da agência. Essas regras tornaram-se o principal item usado pelo regulador para abrir investigações sobre as falhas do software da Tesla, porque não existem regulamentações federais específicas para governar veículos autônomos.

A agência tem oito investigações abertas sobre acidentes, cinco das quais envolvem as alegações de Musk sobre as capacidades do sistema Autopilot e FSD (sigla, em inglês, para totalmente autônomo) da empresa. Apesar do nome, o FSD ainda exige que humanos permaneçam no banco do motorista e prestem total atenção —diferentemente dos táxis Waymo do Google.

A agência disse que vai “simplificar” as regras de relatórios de acidentes para “aguçar o foco em informações críticas de segurança enquanto remove requisitos desnecessários e duplicados”.

Uma investigação do Financial Times neste mês revelou que o chamado DOGE (sigla, em inglês, para Departamento de Eficiência Governamental) de Musk demitiu funcionários mais novos da NHTSA que estavam envolvidos na avaliação de riscos de direção autônoma, levantando preocupações entre funcionários atuais e antigos sobre potencial conflito de interesse para Musk.

As mudanças anunciadas pelo secretário de transportes dos EUA, Sean Duffy, permitirão que as montadoras americanas sejam isentas de certos procedimentos para veículos autônomos, desde que sejam usados apenas para pesquisa, demonstrações e outros fins não comerciais.

Em uma carta aberta aos desenvolvedores de veículos autônomos, a agência prometeu remover “barreiras regulatórias desnecessárias que atrapalham tanto a segurança quanto o progresso”.

Musk também busca uma autorização mais ampla para implantar o FSD na China, mas o processo de aprovação foi complicado pela guerra comercial de Trump. A Tesla enfrenta forte concorrência de rivais chineses como a BYD, que lançou seu sistema avançado gratuito de direção autônoma, chamado Olho de Deus, em fevereiro.