O ex–ministro da Fazenda Guido Mantega informou ao Ministério das Minas e Energia a decisão de não aceitar a vaga para o conselho fiscal da Eletrobras.
A desistência foi informada, por telefone, ao governo uma semana antes da assembleia de acionistas da Eletrobras, que ocorrerá no dia 29. Antecipada pela coluna Lauro Jardim, a informação foi confirmada pela Folha.
Segundo um amigo do ex-ministro, as especulações acerca de sua indicação, além da repercussão no mercado, levaram à desistência de Mantega. Nas palavras desse interlocutor, essas reações são despropositadas, e o ex-ministro preferiu preservar sua saúde.
Maior companhia de energia do país, a Eletrobras formalizou em março um acordo com o governo Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para encerrar ação judicial que tentava reverter a perda de influência da União em sua gestão, fruto de cláusula no estatuto que limita a participação de grandes acionistas.
Em março, o governo Lula indicou o nome de Mantega para o conselho fiscal da companhia.
Considerando fatias de bancos públicos e fundos de pensão, o governo tem 42% do capital da companhia, e o acordo feito sob mediação do STF (Supremo Tribunal Federal) lhe garantiu três vagas no conselho, em troca de desobrigar a empresa de investir na conclusão da usina nuclear Angra 3.
Os termos desse acordo serão submetidos aos acionistas na assembleia. Se aprovados, a União nomeará Silas Rondeau, Nelson Hubner e Maurício Tolmasquim —todos com participações relevantes na área de energia durante os governos petistas.
Desde 2023, Lula busca uma colocação para o ex-ministro da Fazenda, por quem o presidente tem apreço. Lula chegou a insistir na indicação de Mantega para a presidência da Vale, sendo obrigado a desistir diante da reação do mercado e das rígidas regras para a escolha do presidente da companhia e também para seu conselho.
Fracassada essa articulação, o governo tentou indicá-lo para o conselho administrativo da Braskem. Na avaliação de Lula, Mantega é injustiçado por ser apontado como responsável pela crise econômica desencadeada no governo Dilma Rousseff (PT).
O presidente quer retribuir o que vê como serviços prestados pelo ex-ministro, que comandou a Fazenda de 2006 a 2015 —em gestões do PT. Mantega foi ainda titular do Planejamento no primeiro mandato de Lula e presidente do BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social).