O consumo de café no Brasil registrou uma leve queda neste primeiro trimestre, após meses de preço em disparada, segundo dados preliminares.
A indústria aguarda o fechamento dos números, mas espera-se uma retração leve —o que é considerado positivo, pois o temor era de que essa diminuição fosse maior.
“O que apuramos é que tem uma queda de 0,55%. Isso, diante do aumento do preço, é considerado muito positivo e mostra a resiliência que tem o café”, diz Celírio Inácio, diretor-executivo da Abic (Associação Brasileira da Indústria de Café).
Ainda assim, o setor continua preocupado porque novos reajustes foram praticados entre janeiro e março, então há o temor de que essa redução se acelere a partir do segundo trimestre.
Tradicionalmente, o café um produto com consumo muito consolidado no Brasil, sempre em leve alta ou estabilidade. Por isso, uma redução, ainda que pequena, acende um sinal de alerta.
Esse cenário preocupa a indústria porque uma queda nas vendas neste momento pegaria as empresas em uma situação delicada de fluxo de caixa.
Isto porque o café verde acumulou altas históricas ao longo dos últimos dois anos, mas a indústria não conseguiu repassar essas altas para o consumidor final no mesmo ritmo.
Apenas agora, após fortes reajustes nos últimos meses, as empresas começam a equalizar esse valor –razão pela qual o preço do produto disparou nos supermercados.
Mesmo entre os agricultores –que, em tese, se beneficiam com a alta das cotações–, já há uma preocupação com o patamar de preços.
Raquel Miranda, consultora técnica da CNA (Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil), é uma das que demonstra apreensão com a alta constante, justamente por causa da possbilidade de haver uma redução no consumo.
Segundo ela, se o consumidor criar o hábito de substituir o café por outro produto, é difícil de reverter depois.
O jornalista viajou a convite do Encafé.
Acompanhe o Café na Prensa também pelo Instagram