Cotados para a disputa da sucessão presidencial em 2026, governadores da direita têm disputado, nos últimos dias, o espólio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) com o agronegócio.
Depois de participarem da abertura da Expozebu, em Uberaba (MG), neste sábado (26), os governadores de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), de Goiás, Ronaldo Caiado (União Brasil), e do Paraná, Ratinho Junior (PSD) estarão em Ribeirão Preto entre este domingo (27) e segunda-feira (28) em visita à Agrishow (Feira Internacional de Tecnologia Agrícola em Ação), a maior feira agrícola do país e que projeta gerar R$ 15 bilhões em intenções de negócios.
Os três e mais o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), têm sido apontados como possíveis postulantes a ocupar o vazio deixado por Bolsonaro, inelegível até 2030. A diferença entre eles é que o governador paulista está em primeiro mandato.
O ex-presidente, internado no hospital DF Star, em Brasília, onde se recupera da cirurgia de desobstrução intestinal a que foi submetido, se notabilizou em seu mandato a frequentar feiras do agro e a ser aclamado pelo setor, e foi personagem de uma saia justa em 2023 que gerou mudanças na cerimônia de abertura da Agrishow.
Já fora do cargo após ser derrotado nas urnas no ano anterior, ele anunciou que estaria no evento, o que fez com que a organização sugerisse ao ministro Carlos Fávaro (Agricultura) que visitasse a feira em outro dia. O governo federal não gostou, ameaçou retirar o patrocínio do Banco do Brasil, principal parceiro da Agrishow, e a organização cancelou a cerimônia de abertura.
Para 2024, a solução encontrada, e repetida neste domingo, foi a de antecipar a data de abertura, exclusiva para políticos, entidades do agro e do mercado de máquinas e jornalistas. O vice-presidente Geraldo Alckmin (PSB) participa como representante do governo federal.
No horário de abertura da feira no ano passado, porém, Bolsonaro participou de um ato nas ruas de Ribeirão, acompanhado de Tarcísio, que foi criticado de forma reservada por entidades do agro por ser o anfitrião da feira, que ocorre numa fazenda do governo paulista, e se ausentar para acompanhar seu padrinho político. Ambos foram à feira no dia seguinte e, num evento do governo estadual, Bolsonaro elogiou Tarcisio e Caiado e afirmou que, “se não voltar, plantou semente”.
No sábado, ao discursarem na Expozebu, em Uberaba, Zema e Caiado criticaram as invasões de terra do Abril Vermelho e o governo Lula (PT), que indicou a deputados ser “candidatíssimo” à reeleição em 2026.
Os discursos, em geral, têm sido no sentido de pregar união da direita em prol de um objetivo comum. “Ó, 2026 está logo aí adiante, eu tenho certeza que o objetivo nosso [dos governadores] é o mesmo, é tirar o PT lá de Brasília e colocar um governo mais técnico, um governo que não persegue o setor produtivo. Nós estamos juntos nesse objetivo”, afirmou Zema na cidade mineira.
Caiado disse ter certeza de que os três governadores caminharão juntos, e citou Tarcísio como “uma grande liderança”.
Em viagem à Europa nos últimos dias, Tarcísio tem agenda prevista para terça-feira na Agrishow, onde deverá anunciar um pacote para o agro no auditório do Centro de Cana do IAC (Instituto Agronômico de Campinas), dentro da fazenda que abriga a feira.
Ratinho Jr. também tem feito acenos ao agronegócio. No início do mês, lançou o primeiro Fiagro (Fundo de Investimento nas Cadeias Produtivas Agroindustriais) estadual do país voltado ao setor agrícola.
O governador paranaense estará em Ribeirão já neste domingo, mas não para participar da Agrishow, e sim para receber o prêmio Joia do Agro no Agrotalk Show, evento que reunirá políticos e especialistas para trata do agro no país e o mercado global. O político estará no evento agrícola no dia seguinte.
O Fiagro paranaense tem como meta alavancar cerca de R$ 2 bilhões para o financiamento de atividades agrícolas.