/ Apr 27, 2025

Google já ganha mais com IA que com anúncios do YouTube – 27/04/2025 – Marcos de Vasconcellos

Em meio ao reino de ruídos da nova Presidência de Donald Trump e sua cruzada comercial contra a China, o início da temporada de balanços das empresas dos Estados Unidos é um alívio para quem busca informações palpáveis. Temos números de verdade para auscultar os pulmões da economia.

Da papelada divulgada pela Alphabet, dona do Google, na última semana, sai uma certeza: não há mais espaço para discutir a adoção ou não de inteligência artificial. Ela já ocupou seu espaço no mundo.

A divisão Google Cloud, área de armazenamento em nuvem, que abriga as ferramentas de Inteligência Artificial generativa da empresa (e de seus clientes), viu sua receita crescer 28% no primeiro trimestre deste ano, em relação ao mesmo período do ano passado, chegando a US$ 12,2 bilhões.

Isso equivale a mais de 13% da receita gerada por toda a empresa no período, bem acima dos US$ 8,9 bilhões ganhos com anúncios no YouTube, por exemplo.

Veja bem, até 2022, o Google Cloud ainda gerava prejuízos milionários para a Alphabet. Agora, seus resultados operacionais (receitas menos despesas) são mais do que positivos: a área gerou um lucro de US$ 2,1 bilhões no trimestre.

Com sua quase onipresença, o Google fez seu caminho para integrar a IA a produtos e sistemas. A tecnologia passou a ser quase inevitável para o usuário, como, por exemplo, nos resultados de buscas, que já integram os “AI Overviews”. São resumos gerados por inteligência artificial para os tópicos de pesquisa e que, segundo a Alphabet, já alcançam 1,5 bilhão de usuários mensais.

A IA generativa exige um uso massivo de dados, grande espaço de armazenamento e poder computacional, não por acaso, vendidos pelo Google Cloud.

Além da computação em nuvem e dos chips cada vez mais poderosos, a entrada da IA em todo canto do universo virtual amplifica a discussão sobre o gasto indiscriminado de energia pela tecnologia.

O CEO da OpenAI, dona do ChatGPT, Sam Altman, ganhou os holofotes do mundo recentemente ao explicar que o simples fato de usuários falarem “por favor” e “obrigado” depois de darem ordens ao robô podem custar “dezenas de milhões de dólares” em eletricidade para seu processamento.

Segundo o relatório mais recente da Agência Internacional de Energia (IEA, na sigla em inglês), “Electricity 2024 data centers, criptomoedas e aplicações de IA consumiram cerca de 460 TWh de eletricidade em 2022, quase 2% da demanda global. A expectativa é que esse número suba para pouco mais de 800 TWh até 2026 — mais do que a Alemanha.

Ao mesmo tempo em que a IA mostra que já ocupa o espaço de “indispensável”, seu próximo passo parece não estar mais em funcionalidades, mas em soluções de eficiência energética ou consumo inteligente.

Como grande parte da energia é usada para resfriar os equipamentos, já tem empresa com mirabolantes planos de colocar data centers na lua.

As companhias que dominarem formas mais eficientes de treinar e operar modelos de IA terão vantagem competitiva, reduzindo custos enquanto competidores gastam fortunas em energia e servidores. Olhar os números dos gigantes ajuda a enxergar os caminhos para além dos discursos políticos contra ou a favor do uso de fontes renováveis ou de canudinhos de papel.


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