/ Apr 29, 2025

Tarifas dos EUA: Empresas anunciam demissões e menos lucro – 29/04/2025 – Mercado

A General Motors, a Kraft Heinz e a Electrolux se juntaram nesta terça-feira (29) à diversificada lista de empresas que retiraram previsões para 2025 ou reduziram perspectivas, já que a guerra comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, arrepia o mundo corporativo.

A GM também adiou sua reunião com investidores para quinta-feira (1º), para aguardar possíveis mudanças na política tarifária. O gigante de entregas UPS anunciou que cortará 20 mil empregos e fechará mais de 70 edifícios para reduzir os custos em uma economia incerta e lidar com uma esperada queda de volumes de seu maior cliente, a Amazon.

Os cortes atingirão trabalhadores responsáveis pela entrega de pacotes aos clientes e pelo suporte aos serviços de transporte e logística da empresa. A empresa já havia indicado anteriormente que também precisaria reduzir suas frotas de aeronaves e veículos.

A empresa, sediada em Atlanta, tem cerca de 490 mil funcionários globalmente, com quase 83% deles baseados nos EUA, de acordo com o último relatório do grupo. A UPS disse que espera economizar US$ 3,5 bilhões em 2025 com seu plano.

A enxurrada de notícias negativas é mais uma evidência de que a política comercial caótica está causando um grande impacto nas empresas, forçando muitas delas a cortar gastos, interrompendo as cadeias de oferta e dificultando o planejamento a longo prazo.

Os consumidores também estão gastando menos, pois a imposição de tarifas por Trump, seguida pela suspensão ou reversão de algumas tarifas, cria incertezas, aumentando os temores de uma forte desaceleração econômica nos EUA e em outros países.

“Acreditamos que o impacto futuro das tarifas pode ser significativo”, disse o diretor financeiro da GM, Paul Jacobson, em uma coletiva de imprensa depois que a montadora retirou sua previsão de resultados para o ano. “Estamos dizendo às pessoas para não confiarem na orientação anterior, e vamos atualizá-la quando tivermos mais informações sobre tarifas.”

As ações mundiais e o dólar subiam nesta terça, após falas de Washington sobre um decreto que pode aliviar o impacto das tarifas automotivas, mas os mercados estão longe de recuperar as grandes perdas sofridas desde que as taxas foram definidas em 2 de abril.

Cerca de 40 empresas em todo o mundo retiraram ou reduziram orientações futuras nas duas primeiras semanas da temporada de balanços do primeiro trimestre, segundo uma análise da Reuters.

GM e Volvo abandonaram suas perspectivas nesta terça, juntando-se à companhia aérea norte-americana Delta, à fabricante de aparelhos de informática Logitech e ao gigante de bebidas Diageo.

Enquanto isso, a fabricante de ketchup Kraft Heinz reduziu sua previsão anual, a operadora de hotéis Hilton cortou sua perspectiva de crescimento de receita para 2025. Porsche e a Electrolux também reduziram suas perspectivas anuais.

“Não há dúvida de que a incerteza em torno do que exatamente pode acontecer com a demanda é a maior que já vimos”, disse Ryan Detrick, estrategista-chefe de mercado do Carson Group, prevendo que mais empresas suspenderão ou retirarão suas orientações.

A fabricante alemã de carros esportivos Porsche disse que sofreu um impacto de pelo menos 100 milhões de euros em abril e maio por causa das tarifas dos EUA.

“Há muita volatilidade, muitas informações chegando, algumas confiáveis, outras não”, disse o diretor financeiro Jochen Breckner, alertando que a Porsche terá que repassar os custos das tarifas aos clientes por meio de aumentos de preços, pelo menos em parte.

As tarifas devem aumentar os preços dos carros nos EUA em milhares de dólares, reduzindo a demanda e aumentando a pressão sobre uma indústria que já está lutando com a transição lenta para veículos elétricos.

A Porsche não tem produção nos EUA e a Volvo envia da Europa a maioria dos carros que vende no país, o que significa que ambas estão particularmente expostas à taxa de 25% sobre as importações de carros e ganharão pouco com uma suavização das tarifas.

As ações da Volvo caíram mais de 10% depois que a empresa disse que cortará gastos em cerca de US$ 1,8 bilhão e reestruturará suas operações nos EUA após uma queda nos lucros do primeiro trimestre.

As estimativas de pelo menos dez empresas nos EUA e na Europa sobre os prováveis custos associados às tarifas, incluindo as medidas para mitigar o impacto, chegam a um valor acumulado de US$ 3 bilhões para este ano.

O CEO da Adidas, Bjorn Gulden, disse que “em um mundo normal”, sem a incerteza das tarifas, a empresa de roupas esportivas teria aumentado suas previsões de receita e lucro para 2025, após os sólidos resultados trimestrais da semana passada.

Mas “dada a incerteza em torno das negociações entre os EUA e os diferentes países exportadores, não sabemos quais serão as tarifas finais. Portanto, não podemos tomar nenhuma decisão ‘final’ sobre o que fazer”, disse ele nesta terça.

PREOCUPAÇÕES DOS CONSUMIDORES

O Hilton também se tornou, nesta terça, a primeira rede hoteleira sediada nos EUA a moderar suas perspectivas, já que os consumidores reduziram gastos com viagens.

No alerta mais claro já feito por um grande banco sobre como os efeitos das ações tarifárias de Trump podem prejudicar os credores, o HSBC afirmou que as consequências da guerra comercial global podem afetar a demanda por empréstimos e a qualidade do crédito.

Juntando-se a um coro de nomes conhecidos, desde a Nestlé e a Unilever até a Chipotle, a Electrolux culpou a confiança mais fraca do consumidor por uma perspectiva de mercado americano mais baixa, depois de registrar lucro abaixo do esperado no primeiro trimestre.

“A história nos diz que a incerteza prolongada alimentará as decisões de compra dos consumidores”, disse o CEO da cervejaria dinamarquesa Carlsberg, Jacob Aarup-Andersen, à Reuters.

Com informações de Financial Times

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