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Bancos de Wall Street veem recuo do PIB dos EUA no 1º tri – 29/04/2025 – Mercado

O déficit comercial de bens dos EUA disparou para um recorde histórico em março, com empresas correndo para estocar importações antes das tarifas recíprocas de Donald Trump entrarem em vigor, levando economistas de Wall Street a preverem que o PIB (Produto Interno Bruto) encolheu no primeiro trimestre.

Após a publicação de dados oficiais mostrando uma diferença de US$ 162 bilhões entre importações e exportações no mês passado, Morgan Stanley, Goldman Sachs e JPMorgan passaram a prever uma contração no PIB nos primeiros três meses do ano. O equilíbrio entre importações e exportações é um dos fatores que compõem o cálculo do PIB.

O número do Censo dos EUA foi o maior déficit de bens desde início dos anos 1990. Em março de 2024, o valor foi de US$ 92,8 bilhões.

Os dados refletiram o estoque acumulado por empresas em antecipação às tarifas do “dia da libertação” de Trump, e foram divulgados um dia antes da divulgação dos números do PIB do primeiro trimestre, nesta quarta-feira (30).

“O aumento das importações antes das tarifas foi ainda maior do que esperávamos, e os estoques não o compensaram”, disseram economistas do Morgan Stanley. Eles acrescentaram que, como resultado, reduziram sua previsão do PIB do primeiro trimestre de zero para uma taxa anualizada de -1,4%.

O Goldman Sachs cortou sua previsão de -0,2 para -0,8%, e economistas do JPMorgan reduziram a previsão de zero para -1,75%.

O aumento no déficit comercial foi quase inteiramente devido a um aumento nas importações —especialmente aquelas com longa vida útil, como carros, materiais industriais e bens de consumo.

“O quadro geral para [o primeiro trimestre de 2025] continua sendo que as ameaças tarifárias do presidente Trump desencadearam uma corrida para comprar bens agora em vez de enfrentar preços mais altos depois, provocando um aumento surpreendente nas importações”, disse Oliver Allen, economista sênior dos EUA na Pantheon Macroeconomics.

Analistas já haviam antecipado uma queda no crescimento mesmo antes dos números, com uma pesquisa da Reuters prevendo uma taxa trimestral anualizada de 0,3% —abaixo dos 2,4% dos últimos três meses do ano passado.

No entanto, muitos analistas dizem que os números de crescimento desta quarta-feira serão distorcidos pelo período extraordinário antes da entrada em vigor das tarifas, quando muitas empresas se concentraram em estocar, e provavelmente superestimam os danos à economia dos EUA.

“O número do PIB nos dirá muito pouco”, disse Isabelle Mateos y Lago, economista-chefe do BNP Paribas. “Vai estar cheio de ruído e vai refletir, em grande parte, a soma das importações.”

“Os dados serão extremamente ruidosos, tanto porque a realidade é ruidosa quanto pela forma como medimos a realidade”, disse Jason Furman, economista da Universidade Harvard, acrescentando que achava que os dados ainda mostrariam “uma história bastante positiva” para o consumo dos EUA, que impulsionou o crescimento nos últimos anos.

O PIB pode ser calculado como a soma do balanço comercial, mais consumo, investimento e gastos do governo.

Trump revelou uma série de tarifas recíprocas em 2 de abril, provocando uma forte queda nos mercados de ações e um aumento nos custos de financiamento do governo dos EUA, à medida que os investidores precificaram o risco de que altas tarifas levariam a economia dos EUA à recessão e prejudicariam o crescimento global.

Nas últimas semanas, aumentaram as preocupações de que altas tarifas sobre importações chinesas desencadearão escassez de bens em setores importantes, como construção e produção industrial.

Scott Bessent, secretário do Tesouro dos EUA, rejeitou nesta terça-feira temores de choques na cadeia de suprimentos, afirmando em uma coletiva de imprensa que os varejistas americanos “planejaram adequadamente”.

Ele disse que a “abertura da incerteza” logo estará “se estreitando”, com Washington se aproximando de um acordo comercial com a Índia.

Os EUA também tinham os “contornos” de um acordo com a Coreia do Sul e estavam fazendo bons progressos nas conversas com o Japão, acrescentou Bessent.

Embora a introdução de muitas tarifas “recíprocas” tenha sido pausada por Trump por 90 dias em 4 de abril, uma base de 10% permanece em vigor, assim como uma tarifa de 145% sobre a maioria das importações chinesas.

Economistas dizem que, mesmo sem as tarifas de 2 de abril em vigor, o cenário atual deixa as tarifas comerciais dos EUA em sua taxa efetiva mais alta em mais de um século.

Bessent disse que a guerra comercial é insustentável para a China e que o “ônus” estava em Pequim para reduzir as barreiras comerciais.

Economistas esperam uma reversão parcial no segundo trimestre, com a queda das importações elevando o PIB.

Portos da costa oeste, como em Los Angeles, relataram uma queda acentuada nos volumes de carga nas últimas semanas, em meio a sinais de que navios transportando produtos da costa leste da China estão retornando.

“Os números [comerciais] de hoje realmente destacam o risco de que pode muito bem ser um resultado negativo do PIB e isso obviamente nos prepara para um 2025 muito fraco”, disse James Knightley, economista-chefe internacional do ING Bank.

“Esse é um grande esforço de estocagem para se antecipar às tarifas… mas esperamos que isso se reverta em breve: os dados dos portos já estão desacelerando.”

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