Pelo 19º ano consecutivo, os produtores de soja têm resultados predominantemente positivos. Mesmo com temores iniciais de um ano de queda na renda, devido a custos de produção, retração nos preços da oleaginosa e incertezas a respeito do clima, o saldo final ainda é positivo para o bolso do produtor.
A avaliação é da consultoria Datagro, que, para chegar a esse resultado, faz uma relação entre a receita obtida, o custo de produção estimado e a produtividade média dos estados avaliados. Com esses dados em mãos, a consultoria apurou que houve uma melhora generalizada na lucratividade bruta da soja na temporada 2024/25, em relação ao ciclo anterior. A exceção fica para as áreas impactadas por condições climáticas adversas.
Nos cálculos da Datagro, avaliando os principais estados produtores, a lucratividade bruta da soja na safra 2024/25 de Mato Grosso foi de 26%, bem acima dos 15% do período 2023/24. No Paraná, outro importante produtor nacional, a taxa foi de 46%, também acima dos números de 2023/24, que haviam sido de 37%. A consultoria apurou lucratividade também em Goiás (41%) e em Mato Grosso do Sul (8%). Já os gaúchos não tiveram a mesma sorte de produtores de outros estados, ficando sem lucratividade neste ano.
Essa melhora média nacional ocorre devido a vários fatores. Um deles é a recuperação da produtividade em grande parte do país, após a queda de 2023/24. Segundo a consultoria, áreas do Rio Grande do Sul, noroeste do Paraná e sul de Mato Grosso do Sul sofreram com temperaturas extremas e escassez de chuvas, mas houve condições climáticas favoráveis em vários outros estados.
A Datagro estima que a produtividade média do Brasil foi de 3.537 kg por hectare, acima dos 3.352 kg de 2023/24. Mato Grosso, o carro-chefe da produção de soja, registrou uma produtividade recorde de 3.900 kg, puxando a média do país para cima.
Além de produzir mais, várias regiões tiveram um custo de produção inferior ao registrado no ano anterior. Nos cálculos da Datagro, a queda foi de 4% em Mato Grosso, 8% no Paraná, 18% em Goiás, e 3% em Mato Grosso do Sul.
A soja não obteve as excepcionais receitas dos anos de 2020 a 2022, mas elas ainda superam as de 2024. Demanda interna e externa pela oleaginosa, ágios sobre a paridade de exportação e prêmios positivos garantiram essas receitas.
O produtor que colheu dentro da normalidade certamente terá ciclo de renda positiva, mas para os que enfrentaram perdas mais severas, como os do Rio Grande do Sul, as contas não fecham.
SAÍDA MENOR DE GRÃOS PELOS PORTOS DO ARCO NORTE
Os portos de Paranaguá e de Rio Grande voltaram a movimentar um volume maior de milho neste primeiro trimestre. No ano passado, a quebra de safra provocou um arrefecimento no volume transacionado nessas regiões.
Com o movimento maior do Sul, os portos do Arco Norte tiveram uma participação menor no escoamento do cereal destinado ao mercado externo. Segundo a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), 26,3% do milho exportado nos três primeiros meses deste ano saíram por esses portos. No ano passado, a participação havia sido de 43,3%.
Já a participação dos portos do Arco Norte na saída de soja se manteve em 34,4%, um ponto percentual a menos do que em 2024. O porto de Santos lidera, com 36%, acima dos 16% de Paranaguá. As vendas externas de soja somaram 22,2 milhões de toneladas nos três primeiros meses do ano. Mato Grosso, Goiás e Paraná foram os estados que mais exportaram.
A importação de fertilizantes atingiu 5,35 milhões de toneladas no primeiro trimestre, um volume inferior ao de janeiro a março de 2024. As entradas foram menores tanto pelos portos do Arco Norte como pelos das demais regiões.