/ May 02, 2025

Bunker do Acaiaca em Belo Horizonte: veja como visitar – 30/04/2025 – Turismo

Para os pedestres que andam apressados pelas ruas da região central de Belo Horizonte, o edifício Acaiaca pode parecer apenas mais um arranha-céu entre os vários que circulam o Santuário São José. No entanto, o prédio comercial recheado de história na rua Afonso Pena tem uma construção pouco comum para um país habitualmente distante de conflitos globais: um bunker antiaéreo, que desde janeiro deste ano é o único do gênero aberto para visitação no Brasil.

Se em nações protagonistas de grandes guerras, como a Alemanha, os bunkers são cicatrizes ainda vivas, em uma cidade como Belo Horizonte, sua construção parece tão curiosa quanto seria uma pista para óvnis em Varginha (MG).

Na verdade, mais do que uma bizarrice, o bunker era uma obrigação da época. Um decreto de 1942 do então preocupado presidente Getúlio Vargas dizia que os novos prédios de norte a sul do país tivessem o tal abrigo antibombas. Ele temia que um ataque aéreo dos alemães pudesse ter o Brasil como alvo. Os prédios que já estavam de pé não precisavam se adequar.

Assim, o arquiteto Luiz Pinto Coelho incluiu um bunker na planta de 26 andares do Acaiaca, que foi construído aproximadamente entre 1943 e 1947. Porém, o decreto foi revogado em 1945, após o final da Segunda Guerra Mundial. Exatamente por isso, o espaço parece ter falhas de projeto, como um sistema de circulação de ar muito pequeno ou a falta de sirene em todos os andares. Afinal, com o fim do conflito na Europa, o bunker deixava de ser uma prioridade.

Com ingressos vendidos pela plataforma Sympla, a primeira atração da rápida visita guiada —que não dura mais de meia hora— é justamente a sirene. O guia dispara o alarme, mas não no volume máximo, para não assustar funcionários que trabalham no prédio comercial. “Muitos nem sabem do bunker”, diz. Antes de chegar ao local propriamente dito, o visitante passa por uma antecâmera de descontaminação. O chuveiro foi retirado durante o período de restauração, mas há um plano para se instalar uma pequena ducha que dispare um “arzinho”, como diz o guia, para provocar a tal interatividade.

Das quatro células originais, duas estão abertas ao público, mas não espere encontrar uma área fartamente decorada com mobília da Segunda Guerra. Há pouco para ver nos espaços, além do piso original com cerâmica colorida, espessas paredes de concreto sem janelas e as portas de aço que parecem de um cofre.

Mas são nos detalhes que algumas das curiosidades insólitas do abrigo são reveladas. Um cartaz colado em uma das paredes, por exemplo, indica o que levar ao bunker. A lista com oito itens inclui dinheiro, joias, títulos e livros de cheque, o que de certa forma indica que o local não era exatamente para proteger os populares. Na planta original, também exposta, números ao lado das células apontam a capacidade do lugar: só na célula D eram 88 pessoas e, nas quatro somadas, 306.

A ideia não era que o bunker virasse moradia de semanas ou mesmo dias para quem se abrigasse por lá, mas apenas um refúgio de, no máximo, três horas, tempo em que se calculava que o ataque aéreo teria efetivamente terminado. Caso os alemães ou outro inimigo tentasse invadi-lo por terra, uma saída construída daria acesso à rua Tamoios, também na região central. Complementando a visita, uma pequena área expositiva ao lado do abrigo trazia a mostra Janelas, com intervenções gráficas feitas por artistas mineiros que dialogam com o espaço.

Depois de passar pela parte claustrofóbica do bunker, é possível visitar o mirante na cobertura do Acaiaca, transformado em uma espécie de bar com música ao vivo de onde dá para tomar uma bebida e apreciar a vista no horizonte da capital mineira, sem aviões de guerra.

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