/ May 02, 2025

Escala 6×1: Aceno de Lula é positivo, diz líder do VAT – 01/05/2025 – Mercado

O fundador do movimento VAT (Vida Além do Trabalho) e vereador do Rio, Rick Azevedo (PSOL), afirmou à Folha nesta quinta-feira (1°) que o aceno do presidente Lula (PT) a favor do fim da escala 6×1 é positivo, mas que o governo federal precisa ir além e buscar o avanço da pauta no Congresso.

“O posicionamento do presidente Lula é bastante positivo. A gente lutou muito para isso, sempre quis o apoio do governo. Avalio que [o governo] precisa aprofundar mais, mas o presidente sinalizou de forma positiva que vai abraçar essa luta”, disse Rick antes de participar de um ato em alusão ao Dia do Trabalho no centro do Rio.

O VAT é responsável por uma mobilização pela mudança no regime de seis dias de trabalho e um de descanso por semana.

Em pronunciamento na quarta (30), Lula prometeu “aprofundar o debate” sobre a redução da jornada.

“Está na hora de o Brasil dar esse passo, ouvindo todos os setores da sociedade, para permitir um equilíbrio entre a vida profissional e o bem-estar de trabalhadores e trabalhadoras”, disse o presidente no discurso de TV para o 1º de Maio.

O fim da escala 6×1 é foco de uma proposta da deputada federal Erika Hilton (PSOL-SP), que quer mudar a Constituição para alterar a jornada dos trabalhadores.

“O próximo passo importante é o governo federal começar a articular no Congresso, a bancada do governo começar a articular, inclusive para que o presidente da Câmara [Hugo Motta] despache a nossa PEC. Obviamente, vamos continuar fomentando a luta na rua, porque o governo deu essa sinalização, mas, sem pressão, nada acontece”, afirmou Rick à Folha.

O ato do Dia do Trabalho no Rio foi centrado em críticas à escala 6×1. Em mais de um momento, participantes se referiram a essa modalidade como uma forma de “escravidão moderna”.

A mobilização foi convocada pelo VAT e por centrais sindicais na Cinelândia, em frente à Câmara Municipal. Faixas das organizações foram penduradas na entrada do prédio, que estava fechado. Lideranças sindicais, políticos e artistas se revezaram em manifestações no alto de dois carros de som.

“Nós não aceitamos o que é a escravização moderna representada pela escala 6×1”, disse o deputado federal Glauber Braga (PSOL-RJ), que enfrenta processo de cassação.

A Cinelândia não estava lotada à tarde. Organizadores chegaram a falar em 5.000 pessoas no local. A reportagem pediu uma estimativa de público para a Polícia Militar, mas a instituição apenas disse que acompanhava a manifestação, sem citar números.

Um dos primeiros momentos do ato foi a leitura de um manifesto que criticou o que chamou de “exploração” dos trabalhadores.

Mery Horta, 37, microempreendedora e ex-balconista de uma loja de departamentos, esteve no evento. Ela defende o fim da escala 6×1 para que os trabalhadores tenham mais tempo de descanso.

“Eu trabalhava de dia em escala 6×1 e estudava à noite. Não sobrava tempo nenhum para descansar. Se a pessoa mora longe do trabalho, leva três horas por dia dentro do transporte público, então não sobra tempo para nada mesmo”, afirmou.

Alexandre Reis, 47, artista do coletivo Subúrbio em Movimento, destacou o aceno de Lula à pauta cobrada pelos manifestantes.

“Foi muito importante o pronunciamento de ontem [quarta] do presidente Lula. Hoje, se você der uma volta aqui pelo centro do Rio, vai encontrar lojas abertas, farmácias abertas, quando as pessoas deveriam estar em descanso. Por que essas pessoas não têm direito?”, questionou.

O sindicalista Celso Gusmão, 52, também defendeu o fim da escala e destacou o exemplo de países que adotaram a escala 4×3. “Não impactou o salário e o trabalho, ao contrário do que muitos empresários dizem. E é importante para que o trabalhador tenha mais qualidade de vida.”

O fim da jornada 6×1 encontra resistência no empresariado. Representantes de diferentes setores da economia avaliam que a medida aumentaria custos e traria risco de demissões.

Estudo feito pelo economista José Pastore, encomendado pela federação mineira da indústria, diz que reduzir a jornada semanal de trabalho de 44 para 36 horas, com quatro dias úteis e três de descanso, deverá encarecer em 22% o custo da mão de obra para as empresas.

Levantamento de pesquisadoras do Instituto de Economia da Unicamp aponta que a redução da escala beneficia diretamente 37% dos trabalhadores, todos esses com carteira assinada, e pode afetar indiretamente as condições de trabalho de mais 38% da população ocupada, grupo formado por informais com jornada superior a 36 horas semanais.

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