/ May 01, 2025

Sob Trump, Bolsas vivem pior início de mandato desde 1974 – 30/04/2025 – Mercado

Reflexo do turbulento novo governo de Donald Trump, o mercado acionário americano viveu os piores cem dias primeiros de um mandato presencial desde 1974 —quando Gerald R. Ford assumiu a Casa Branca após a renúncia de Richard Nixon em razão do escândalo Watergate.

De 20 de janeiro, quando o republicano tomou posse, a 29 de abril, o índice S&P 500 caiu 7%. Os maiores impactos vieram após o anúncio de uma nova política tarifária no início de abril, que levou a uma semelhante aos patamares vistos na pandemia e na crise financeira global de 2008.

A guerra comercial iniciada por Trump foi um balde de água fria para investidores, que viam no presidente alguém que avançaria na agenda de cortes de impostos e desregulamentação.

“Este é o mercado de ações de Biden, não o de Trump”, disse o republicano em um post em sua rede social, a Truth. “Eu não assumi até 20 de janeiro. As tarifas logo começarão a fazer efeito, e as empresas estão começando a se mudar para os EUA em números recordes”, disse. “SEJA PACIENTE!!”

Mas Peter Cardillo, Economista-Chefe de Mercado da Spartan Capital Securities em Nova York, atribui a responsabilidade ao republicano. “Chegamos a esses números por causa das políticas de Trump. Elas criaram incerteza e quando você cria incerteza, ninguém vai pisar no acelerador”, disse Cardillo.

O resultado do PIB (Produto Interno Bruto) do país nesta quarta-feira (30), no entanto, ainda não reflete esse boom econômico. Nos primeiros três meses do ano, a atividade econômica recuou 0,3%, captando a resposta das empresas americanas à guerra comercial.

A divulgação pela manhã levou os principais índices de Wall Street a abrirem em queda e operarem em baixa ao longo do dia. No final da tarde, eles se recuperaram e reverteram a maior parte das perdas.

O S&P 500 ganhou 0,15%, fechando em 5.569,06 pontos, enquanto o Nasdaq perdeu 0,09%, para 17.446,34. O Dow Jones Industrial subiu 0,35%, para 40.669,36. Em abril, S&P 500 e Dow perderam terreno, enquanto o Nasdaq registrou um pequeno ganho mensal.

“A ação do mercado reflete uma economia que provavelmente estará enfrentando dificuldades à medida que o ano avança”, disse Chuck Carlson, CEO da Horizon Investment Services em Hammond, Indiana.

A reversão “pode ser resultado de pessoas digerindo alguns desses números e tentando colocá-los em contexto”, acrescentou Carlson. “Foi tão ruim assim? Estamos à beira de uma recessão? Os mercados estão tentando avaliar isso e colocar em algum contexto”, disse Carlson.

Além da divulgação do recuo do PIB no primeiro trimestre, também foi divulgado um relatório sobre gastos mensais do consumidor, que mostrou um salto de 0,7%, e um indicador do mercado de trabalho, que indicou que o crescimento da folha de pagamento privada dos EUA desacelerou mais do que o esperado em abril.

Os dados desta semana também mostraram inflação ligeiramente mais alta do que o esperado. O índice de Despesas de Consumo Pessoal —a medida preferida do Fed para o crescimento dos preços— subiu 2,3% ano a ano em março.

“A inflação mais elevada, alimenta a narrativa de estagflação e limita o que o Fed pode fazer para ajudar à medida que o sentimento econômico azeda”, disse James Knightley, economista-chefe internacional do ING.

O setor de bens de consumo básicos esteve entre os de melhor desempenho, impulsionado em parte por um salto na empresa de chocolates Mondelez, após seus resultados trimestrais superarem as expectativas.

Após o fechamento do mercado, as ações da Microsoft e da Meta, que passaram o dia em baixa, saltaram 6% e 4% por causa de resultados trimestrais acima do esperado.

No entanto, balanços menos positivos de outras empresas movimentaram negativamente as ações. A Super Micro Computer —uma fornecedora-chave para a Nvidia— chegou a cair 20% ao longo do dia após divulgar expectativas de receita e lucro por ação muito abaixo do esperado por analistas.

A Caterpillar chegou a cair 1,3%, sendo um dos maiores pesos sobre o Dow Jones durante a tarde, depois de seus resultados trimestrais decepcionantes. Após oscilações, a empresa encerrou o dia com pequenos ganhos.

AÇÕES EUROPEIAS, TÍTULOS E COMMODITIES TAMBÉM REAGEM

As ações europeias repercutiram os dados dos EUA, chegaram a acompanhar a queda americana, mas fecharam o dia volátil em alta, influenciadas por dados econômicos e resultados corporativos mistos pelo mundo —enquanto o PIB dos EUA recuou, a economia da zona do euro cresceu mais que o esperado no primeiro trimestre.

O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,3%, puxado por uma alta de 1,3% nas ações do setor de saúde. O índice de referência, no entanto, teve sua segunda queda mensal consecutiva, caindo 1,3%.

Refletindo a incerteza tarifária em seus balanços trimestrais, as montadoras alemãs Mercedes e Volkswagen suspenderam e cortaram suas projeções de lucro, e as ações caíram 2,7% cada.

As ações dos mercados emergentes também subiram, registrando alta de 0,42%. O índice mais amplo da MSCI de ações da Ásia-Pacífico fora do Japão fechou em alta de 0,78%, a 580,07, enquanto o Nikkei do Japão subiu 0,57%.

Os dados econômicos também afetaram os Títulos do Tesouro dos EUA. O rendimento dos títulos de dez anos oscilou cerca de 1,1 ponto base, para 4,185%, e o de 30 anos subiu 3,8 pontos base para 4,6852%. O rendimento da nota de dois anos, que normalmente se move em linha com as expectativas de taxa de juros para o Fed, caiu 3,3 pontos base para 3,625%.

O dólar manteve seus ganhos mesmo após os dados econômicos decepcionantes. O índice que mede o dólar americano contra uma cesta de moedas, incluindo o iene e o euro, subiu 0,3%.

Preocupações com a saúde da maior economia do mundo atingiram os mercados de commodities, com quedas nos preços do petróleo e do ouro. O petróleo encerrou abril com o maior recuo mensal desde 2021.

No dia, os contratos futuros do petróleo Brent fecharam em queda de 1,76%, a US$ 63,12 por barril, e os futuros do petróleo West Texas Intermediate caíram 3,66%, para US$ 58,21. No mês, o Brent caiu 15% e o WTI caiu 18%.

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