A General Motors informou que vai recorrer ao seu “manual da Covid” para compensar um impacto de até US$ 5 bilhões (R$ 28,38 bilhões) das tarifas do presidente Donald Trump, ao mesmo tempo em que reduziu suas previsões de lucro para o ano.
Em uma carta aos acionistas na quinta-feira (1°), a montadora disse que agora espera reportar um lucro ajustado entre US$ 10 bilhões e US$ 12,5 bilhões (R$ 56,76 bilhões e R$ 70,95 bilhões) antes de juros e impostos, em comparação com a previsão anterior de US$ 13,7 bilhões a US$ 15,7 bilhões.
Apenas dois dias antes, a companhia havia retirado suas projeções e temporariamente suspenso a recompra de ações devido à incerteza em torno da política comercial dos EUA, sendo a mais recente montadora a abandonar ou reduzir suas perspectivas nos últimos dias.
O alerta da GM sobre uma exposição tarifária entre US$ 4 bilhões e US$ 5 bilhões (R$ 22,7 bilhões e R$ 28,38 bilhões) —incluindo US$ 2 bilhões para veículos importados da Coreia do Sul— veio mesmo depois de Trump oferecer algum alívio para a indústria automobilística no início da semana, poupando as montadoras de algumas de suas tarifas mais altas.
A empresa comunicou que planeja compensar 30% da exposição de US$ 5 bilhões fabricando mais peças, baterias e outros componentes nos EUA, em vez de aumentar os preços. A GM também planeja tornar seus veículos elétricos mais econômicos, enquanto continua a investir em carros a gasolina.
“O ambiente permanece fluido”, afirmou o diretor financeiro Paul Jacobson. Ele acrescentou que a fabricante reduziria gastos não essenciais, mas sem cortar muito: “Nós tiramos o manual da Covid. [Mas] não queremos entrar em pânico.”
As montadoras têm lutado para acompanhar as frequentes mudanças na política tarifária, e os lucros caíram no primeiro trimestre mesmo antes que o impacto total das tarifas de 25% sobre importações de veículos estrangeiros entrasse em vigor. A fabricante de motocicletas Harley-Davidson retirou suas projeções na quinta-feira, seguindo movimentos semelhantes da Stellantis e Mercedes-Benz um dia antes.
Em um discurso em Michigan na terça-feira, Trump ofereceu pequenos descontos às montadoras que produzem seus veículos nos EUA para compensar os custos de suas tarifas mais amplas, além de uma isenção das tarifas da administração sobre aço e alumínio para peças importadas.
“Existem discussões comerciais em andamento com parceiros comerciais muito importantes. Vamos monitorar como essa situação evolui”, comentou a CEO da GM, Mary Barra, aos investidores.
As ações da GM subiram 2% nas negociações da manhã desta quinta em Nova York. A montadora fabrica cerca de metade dos veículos que vende nos EUA no México e no Canadá, incluindo sua popular picape Chevrolet Silverado.
Os descontos anunciados por Trump se aplicam a veículos montados nos EUA, enquanto componentes do México e Canadá que estão em conformidade com as regras do acordo comercial USMCA de 2020 permanecerão livres de tarifas. Veículos que atendem a regulamentação enfrentarão uma tarifa máxima de 25%.
Barra disse que 80% das peças usadas nos veículos montados pela GM nos EUA estão em conformidade com o USMCA, e todos os seus veículos construídos na América do Norte também estão em conformidade.
Para mitigar as tarifas, a GM disse que planeja aumentar a produção de picapes de tamanho completo em sua fábrica perto de Fort Wayne, em cerca de 50 mil unidades por ano. “Estamos desenvolvendo planos para aumentar ainda mais a produção de veículos nos EUA”, afirmou Barra.
Na terça-feira, a GM reportou lucro ajustado de US$ 3,5 bilhões antes de juros e impostos no primeiro trimestre, uma queda de 9,8% em relação ao ano anterior, com receita de US$ 44 bilhões, um aumento de 2,3%, ligeiramente acima das estimativas dos analistas.