A CPI da corrupção no INSS já está nas ruas do país antes mesmo de ser aprovada pelo Congresso. A queda do ministro da Previdência Social, Carlos Lupi, não livra o governo Lula do risco de um confronto direto com a oposição numa CPI.
A instalação da comissão parece mais provável de acontecer diante de novas informações sobre a extensão do escândalo e a omissão de Lupi e do governo no enfrentamento das fraudes —já conhecidas e denunciadas anteriormente.
A estratégia petista para convencer de que foi o governo Lula que investigou e escancarou o problema não colou até agora.
Lula colocou nas mãos do advogado-geral da União, Jorge Messias, a missão de coordenar uma saída jurídica e operacional para o ressarcimento dos aposentados e pensionistas vítimas da corrupção no INSS.
Messias também terá de mostrar que o governo fará uma limpeza geral na corrupção no órgão, acionando uma força-tarefa de caça às fraudes.
Todos sabem que o ralo no INSS está longe de se concentrar nos descontos indevidos feitos por sindicatos e associações.
Não precisa ser adivinho para saber que os próximos da lista de escândalos podem ser o seguro defeso, pago a pescadores, e o BPC, concedido a idosos e pessoas com deficiência de baixa renda. Assim, como os descontos associativos, as denúncias de irregularidades nas concessões desses dois benefícios são históricas, e as despesas em trajetória explosiva.
Lula precisa mostrar que vai agir. O presidente não pode correr o risco de se deparar com outros escândalos em série no INSS com outros benefícios. Ele sacrifica o aliado Lupi e tenta administrar o risco PDT nas próximas eleições.
Se Lupi sair muito mordido da crise, o PDT pode decidir lançar o pedetista Ciro Gomes nas eleições de 2026 e tirar votos preciosos do presidente, jogando a reeleição do Lula para baixo. Ciro pontua nas últimas pesquisas em torno de 10%. O PDT é de Lupi, hoje licenciado da presidência.