O fundador da Amazon, Jeff Bezos, planeja vender até US$ 4,75 bilhões (R$ 26,8 bilhões) em ações da empresa nos próximos 12 meses, de acordo com documentos regulatórios divulgados nesta sexta-feira (2).
Bezos, que deixou o cargo de diretor-executivo do grupo tecnológico em meados de 2021, venderá até 25 milhões de ações por meio de um plano de negociação ordenado que se estenderá até o final de maio de 2026.
Se levar em consideração o preço de fechamento da ação na quinta-feira (1°), que foi de US$ 190 (R$ 1.072,17), a participação equivaleria a aproximadamente US$ 4,75 bilhões. O plano de negociação foi estabelecido no início de março, de acordo com o último relatório trimestral da Amazon.
A divulgação ocorreu horas depois que a Amazon alertou na noite de quinta-feira sobre o impacto da guerra comercial global de Donald Trump, prevendo que as vendas líquidas e o lucro operacional poderiam ficar abaixo das previsões de Wall Street.
Bezos já vendeu mais de US$ 13,4 bilhões em ações da Amazon ao longo de 2024, ano em que o valor de mercado da empresa ultrapassou US$ 2 trilhões, impulsionado pelo entusiasmo dos investidores com a inteligência artificial.
O segundo homem mais rico do mundo foi desviando gradualmente a sua atenção da empresa de comércio eletrônico que fundou em 1994, dedicando sua atenção ao seu empreendimento espacial Blue Origin e ao jornal The Washington Post.
Bezos tem usado a venda de ações da Amazon para ajudar a financiar a Blue Origin e é o único acionista do grupo, que recentemente levou a cantora Katy Perry em uma viagem para o espaço.
A empresa não divulga informações financeiras, mas seus custos ultrapassam US$ 2 bilhões por ano, segundo uma pessoa familiarizada com o assunto. A receita de contratos federais cobre uma parte de seus custos, com o fundador da Amazon compensando qualquer déficit.
Nos últimos meses, Bezos também se engajou em um esforço concentrado para melhorar a relação com o presidente dos EUA a quem já classificou de “ameaça à democracia”.
Em 2024, o relacionamento melhorou com vários encontros de Bezos com Trump, incluindo a ida à posse do republicano na presidência.
Enquanto estreitava a relação, o fundador da Amazon instruiu o The Washington Post a focar mais estritamente em liberdades pessoais e mercados livres. Sua aproximação com Trump desencadeou em uma série de demissões no jornal, que teria perdido também centenas de milhares de assinantes.
Além de se desfazer de grandes quantidades de ações da Amazon, Bezos vendeu papeis de menor impacto para financiar empreendimentos beneficentes, incluindo o Day One Fund, uma organização educacional sem fins lucrativos inspirada no método Montessori que ele fundou.
Em março, Bezos vendeu aproximadamente US$ 60 milhões em ações para doar a uma organização sem fins lucrativos não identificada, de acordo com documentos regulatórios. Procurado, o bilionário não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.