A taxa de pobreza no Brasil caiu 0,8 ponto percentual e foi de 21,7% para 20,9 %em 2024, segundo dados do Banco Mundial publicados em abril. Em números absolutos, são cerca de 45,8 milhões de pessoas.
A diminuição foi atribuída a um mercado de trabalho aquecido: “A média salarial real subiu em 4,8%, acima do crescimento de 3% de alta real do salário mínimo”, diz o texto.
Os maiores ganhos foram registrados em regiões rurais (1,3%), entre jovens (0,8%) e negros (0.8%).
O relatório afirma que, por outro lado, a alta dos preços da comida, de 7,7%, afetou negativamente o poder de compra dos pobres.
Essa é a quarta redução anual consecutiva da pobreza, mas o ritmo está piorando (em 2023, foi uma diminuição de quase 2 pontos percentuais, e em 2022, 5 pontos percentuais).
A tendência está em paridade com o que os dados do IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) têm mostrado sobre a pobreza e extrema pobreza no Brasil, que vem caindo nos últimos anos em decorrência do aquecimento do mercado de trabalho e do pagamento de benefícios sociais como o Bolsa Família.
O Banco Mundial tem três categorias diferentes de pobreza. Elas são todas definidas por renda e medidas em dólares com poder de compra de 2017. Corrigindo os valores e convertendo para reais, as faixas são definidas da seguinte forma: os extremamente pobres vivem com R$ 15,8 por dia, os intermediários, R$ 26,82, e os pobres, R$ 50.
Portanto, para o Banco Mundial, os pobres são todos aqueles que vivem com menos de R$ 50 por dia.
Período | 2022 | 2023 | 2024 | 2025 (previsão) |
Índice de pobreza do Banco Mundial | 23,5 | 21,7 | 20,9 | 20,8 |
De acordo com o o instituto, a expectativa é que em 2025 o indicador melhore de novo, mas em uma proporção menor do que a do ano passado, “dada a falta de espaço fiscal para aumento de gasto social e um crescimento reduzido do setor de serviços, no qual 80% dos pobres estão empregados”.
O crescimento econômico, que foi de 3,4% em 2024, deve diminuir para 1,8% em 2025 por causa de “altas taxas de juros e incertezas em relação à política comercial que influenciam investimentos e exportações”. A previsão do banco é que o consumo das famílias desacelere, porque os ganhos do mercado de trabalho já não são tão significativos.
O texto também cita uma política monetária mais restritiva, que é atribuída ao estouro do teto da meta de inflação no ano passado (a alta generalizada de preços foi de 4,8%, acima do teto de 4,5%).
Para o Banco Central, a “rigidez orçamentária e a indexação do crescimento das despesas comprometem a eficiência dos gastos públicos, reduzindo o espaço fiscal para investimentos públicos”.
A instituição afirma que é preciso fazer um ajuste fiscal de 3% do PIB para reverter a trajetória da dívida e recomenda controlar gastos ligados ao envelhecimento da população e fazer reformas para desindexar os valores de aposentadorias.
“Uma proposta de reforma do Imposto de Renda que visa ampliar a base tributária e aumentar a progressividade apoiaria ainda mais a sustentabilidade fiscal”, diz o texto.
Apesar da melhora no índice de pobreza, a desigualdade, medida pelo índice de Gini, ainda é alta: 51,7% em 2024.