O presidente dos EUA, Donald Trump, pediu cortes de US$ 163 bilhões (R$ 919,8 bilhões) nos gastos do governo em uma ampla proposta orçamentária que elimina programas que seu gestão considera como parte da “cultura woke”, que causam desperdício ou agem contra “americanos trabalhadores comuns”.
No projeto apresentado ao Congresso nesta sexta-feira (2), o republicano pressionou por um corte de 22,6% nos gastos não relacionados à defesa, levando-os ao nível mais baixo desde 2017, junto com um aumento acentuado no orçamento de defesa.
O plano de Trump cortaria bilhões de dólares que seriam destinados antes para saúde, educação, ajuda externa e meio ambiente, atendendo medidas semelhantes defendidas pelo Doge (Departamento de Eficiência Governamental), comandado por Elon Musk.
“(As despesas atuais são) contrárias às necessidades dos americanos trabalhadores comuns e inclinadas a financiar organizações não governamentais de nicho e instituições de ensino superior comprometidas com ideologias radicais de gênero e clima, antitéticas ao modo de vida americano”, afirmou Russ Vought, chefe do Escritório de Gestão e Orçamento.
O plano orçamentário de Trump é revelado enquanto ele intensifica seu ataque ao funcionalismo público, personificado na figura de Musk, que desde o início da gestão busca reduzir o tamanho do governo federal.
Mas muitas das medidas enfrentarão uma batalha difícil no Congresso, onde o partido Republicano de Trump mantém uma pequena maioria no Senado e na Câmara dos Representantes.
O presidente da Câmara, Mike Johnson, elogiou o “projeto ousado” de Trump, mas Susan Collins, presidente do poderoso comitê de apropriações do Senado, disse que tinha “sérias objeções” a alguns itens.
A proposta de sexta-feira delineia as prioridades do presidente para gastos ‘discricionários’, a porção do Orçamento federal definida por projetos de lei de apropriações no Congresso a cada ano. Não inclui gastos ‘obrigatórios’ de longo prazo, como a Previdência Social, o Medicare (plano de saúde público) e juros pagos sobre a dívida federal.
A ajuda externa seria particularmente afetada na proposta de Trump, com um corte de US$ 49 bilhões (R$ 276,51 bilhões) nos gastos e o fechamento da USAID (Agência dos EUA para Desenvolvimento Internacional), que Doge reduziu a um órgão fantasma.
O orçamento vai na contramão do que a administração chamou de “agenda climática globalista”, cortando assim subsídios para energia renovável e veículos elétricos, como Trump já prometera ao tomar posse.
O projeto também diminui drasticamente os gastos com o departamento de educação, que o presidente anunciou que fecharia. O plano corta o financiamento para agências incluindo os Institutos Nacionais de Saúde, a Agência Federal de Gestão de Emergências e o Serviço de Receita Interna, todos os quais ele disse terem sido “armados” pelos opositores.
Contrastando com os cortes de despesas, o projeto orçamentário pede um aumento para militares e segurança de fronteira como parte da promessa de Trump de reprimir a imigração ilegal. Os recursos para a defesa aumentaria 13%, enquanto a segurança interna receberia 65% a mais.
Chuck Schumer, principal nome da oposição no Senado, descreveu o orçamento como “impiedoso” e disse que o partido Democrata lutará contra os esforços dos parlamentares republicanos para incorporá-lo à legislação.
“Enquanto [Trump] destrói a saúde, corta a educação e esvazia programas dos quais as famílias dependem, ele está financiando benefícios fiscais para bilionários e grandes corporações”, postou o senador no X (antigo Twitter). “Não é apenas fiscalmente irresponsável, é uma traição aos trabalhadores de um presidente moralmente falido.”