De orgasmo a agonia.
O gol era o clímax do futebol. Assopradores de apito sem personalidade o transformaram em sofrimento.
O 4 a 2 do Corinthians sobre o Internacional comprovou que a arbitragem brasileira desmoraliza a ferramenta criada para evitar erros crassos e não para intervir em interpretações dos assopradores de apito.
Por três vezes o clássico sofreu interrupções desnecessárias que, somadas, resultaram em 13 minutos de acréscimos e martírio para 45 mil almas em Itaquera, além de sabe-se lá quantos milhões nas telas.
Dois gols anulados do Corinthians por faltas que o assoprador viu de perto e interpretou como lances normais para depois voltar atrás. Além de um pênalti claro não marcado quando aconteceu para depois ser conferido no VAR e resultar no triplete (hat-trick é macaquice!) de Yuri Alberto, em noite de quatro gols, um anulado.
Sob a lupa do VAR, vá lá, ambos os gols invalidados do Corinthians tinham mesmo de ser considerados como frutos de faltas na origem dos lances, embora, na Libertadores, daquelas que dificilmente seriam marcadas. Não importa.
Importante é que nenhuma das infrações configurou erros crassos —ao contrário do puxão na camisa do atacante do Maringá contra o Atlético Mineiro, pela Copa do Brasil, que o assoprador, mesmo chamado para ver, achou não ser pênalti. Aí não por ser um cara de personalidade, mas por pura e escandalosa teimosia.
O VAR virou muleta também para bater na cabeça do torcedor, e bisturi afiado no coração de quem se emociona com futebol.
A ponto de fazer de Galvão Bueno, que se define como um vendedor de emoções, virar apenas propagandista de jogatina, porque nem gol grita mais direito, à espera do apito decisivo.
A ferramenta nascida para evitar injustiças nos gramados está para o futebol, no Brasil, assim como a fissão nuclear está para a humanidade, particularmente no Japão.
Na Inglaterra, não.
No jogo entre Brighton e Newcastle, ontem, o “whistle blower” apitou dois pênaltis inexistentes. O VAR chamou para mostrar que no primeiro a falta aconteceu fora da área e, no segundo, houve simulação do atacante, enfim punido com cartão amarelo. Dois erros flagrantes foram evitados.
Será preciso encontrar o jeito de parar com isso por aqui, porque a torcida deixou de olhar para ver se o bandeirinha corre para o meio do campo na hora do gol. Agora olha para a mão do assoprador levada ao ouvido à espera do intervencionista de plantão.
E tudo isso para que nada disso evite o despautério de alguém reclamar, como fizeram os colorados (poderiam ser os alvinegros, tricolores, alviverdes ou rubro-negros…), de terem sido prejudicados por má intenção de arbitragem que anulou dois gols do adversário!
Ao menos foi o que disse, revoltado, o zagueiro Vitão: “É 11 contra 12 nesta porcaria”, acusou, apesar de o Inter ter saído invicto de Itaquera nas últimas quatro partidas.
O mineiro de Juiz de Fora, que ironia!, Paulo César Zanovelli, é só mais um péssimo árbitro, apesar de estampar no peito o escudo da Fifa.
O pênalti reclamado para os gaúchos não seria assinalado nem na sala da presidência colorada.
Quando a credibilidade é chutada a escanteio o respeito vira tábula rasa e todos jogam pedra na Geni.