Os Estados Unidos e a China chegarão a algum acordo para encerrar a guerra comercial, o que pode respingar sobre o agronegócio brasileiro, que atualmente está vendo maior demanda de chineses por conta da disputa tarifária, disse nesta terça-feira (6) o presidente da Confederação da Agricultura e Pecuária do Brasil (CNA).
“Na minha visão, vai haver acomodação. Geralmente aparece alguém para fazer acordo, e assim vai ser o acordo entre os Estados Unidos e a China”, afirmou João Martins, durante o evento Cenário Geopolítico e Agricultura Tropical, promovido pela entidade em São Paulo.
Ele ponderou que o cenário ainda está confuso e incerto e falou em cautela, ainda que no momento o Brasil esteja ampliando sua fatia nas importações de soja da China.
O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion, disse temer que o Brasil saia prejudicado caso seja feito um grande acordo entre China e EUA, concorrentes do Brasil nas exportações agropecuárias.
A senadora Tereza Cristina, ex-ministra da Agricultura, destacou que a China está se preparando para enfrentar esse período de guerra comercial, importando grandes quantidades de produtos agrícolas, não somente do Brasil.
“A exportação de carnes e soja [do Brasil] está com números muito significativos”, disse ela, acrescentando que a China tem grande capacidade de armazenamento e está fazendo uso disso.
Martins, da CNA, disse que a incerteza gerada pela guerra comercial ocorre em momento de maior custo para empréstimos, com o governo não tendo recursos suficientes para bancar programas como o de subsídios ao prêmio do seguro rural.
“Vamos ter problema muito sério do médio produtor para baixo, o grande produtor já entendeu que precisa autossuficiente”, disse ele.
A afirmação foi feita em momento em que estão sendo negociadas as bases do próximo Plano Safra, que será válido a partir de julho para a temporada 2025/26.