Bill Ackman criou uma nova máquina de aquisições, concretizando sua aspiração de longa data de criar um conglomerado à imagem da Berkshire Hathaway de Warren Buffett, anunciou ele na segunda-feira (5).

Ackman está assumindo o controle efetivo da Howard Hughes, uma empresa de desenvolvimento imobiliário listada da qual já é parcialmente proprietário, com um investimento adicional de US$ 900 milhões (R$ 5,1 bilhões) no grupo sediado no Texas. Sob o acordo, a empresa mudará sua estratégia para se tornar um conglomerado diversificado, adquirindo participações controladoras em empresas públicas e privadas sob a orientação de Ackman e sua equipe de investimentos.

Ackman vinha trabalhando no acordo por meses, mas enfrentou reação negativa dos acionistas da Howard Hughes devido a uma proposta incomum de taxa de administração que poderia valer dezenas de milhões de dólares anualmente para sua empresa de gestão de ativos, a Pershing Square. Ackman concordou com termos mais brandos do acordo de taxas, abrindo caminho para o negócio de segunda-feira.

A Howard Hughes pagará à Pershing Square US$ 15 milhões (R$ 85,7 milhões) anuais para que sua equipe de investimentos, liderada por Ackman e seu diretor de investimentos Ryan Israel, busque aquisições. Também deverá à Pershing Square uma taxa de 1,5% sobre qualquer aumento na capitalização de mercado da Howard Hughes acima da taxa de inflação.

Um comitê especial formado pelo conselho da Howard Hughes atendeu às reclamações sobre os termos originais. O novo acordo foi visto positivamente por alguns grandes acionistas da Howard Hughes, que haviam considerado tentar bloquear um esforço anterior lançado por Ackman em janeiro.

Nesse primeiro esforço, Ackman havia proposto que a Howard Hughes pagasse à Pershing Square uma taxa de administração de 1,5% sobre todos os ganhos de capitalização de mercado sem nenhum limite mínimo. Mas a nova proposta vincula a taxa à capitalização de mercado atual e ao número de ações da Howard Hughes, o que significa que Ackman não será compensado simplesmente por emitir novas ações da Howard Hughes para financiar aquisições.

“A mudança na taxa de administração é uma modificação bastante significativa em relação às propostas anteriores”, disse um grande acionista ao Financial Times. “Não é o acordo perfeito, mas o comitê especial ouviu alguns feedbacks”, afirmou.

No entanto, outros acionistas criticaram o baixo limite mínimo sobre a taxa de Ackman, em vez de estar vinculada ao S&P 500 ou a um benchmark mais rigoroso. O acordo não exigiu votação dos acionistas e foi fechado na segunda-feira.

Ackman criou a Howard Hughes em 2012 como uma forma de sair de uma de suas maiores negociações de todos os tempos, uma grande aposta na incorporadora de shopping centers falida General Growth Properties durante a crise financeira de 2008. Em vez de vender suas ações, Ackman assumiu a propriedade de parte dos imóveis não essenciais da General Growth, incluindo grandes empreendimentos residenciais em Houston, Las Vegas, Maryland e Havaí.

Ackman acredita há muito tempo que as propriedades, que os investidores públicos até agora não valorizaram muito, podem ser estruturadas para financiar grandes aquisições corporativas usando seus fluxos de caixa e vantagens fiscais.

Ackman disse em um comunicado à imprensa que o valor da Howard Hughes “permaneceu amplamente não reconhecido” pelos acionistas públicos e que agora poderia se tornar “uma excelente plataforma para construir uma holding de crescimento mais rápido e alto retorno”.