Por ora, o esforço de Donald Trump para reduzir o déficit comercial dos Estados Unidos, impondo taxas aos parceiros comerciais, não está dando certo. As importações aumentaram, e as exportações caíram em março, levando o país a ter um déficit comercial recorde de US$ 140,5 bilhões, 14% acima dos US$ 123,2 bilhões de fevereiro.
Parte das taxas impostas pelos Estados Unidos aos demais países foi adiada, e as compras de produtos de origem americana por vários parceiros comerciais foram aceleradas devido às prometidas tarifas alfandegárias.
O déficit na transação de bens foi de US$ 163,5 bilhões, enquanto o superávit no setor de serviços esteve em US$ 23 bilhões, segundo dados do BEA (órgão do Departamento de Comércio dos Estados Unidos). O déficit comercial internacional de bens e serviços de março último registra uma alta de 89% em relação aos valores de igual mês do ano passado.
O Brasil esteve na contramão da maioria dos países. Os americanos tiveram um superávit de US$ 756 milhões nas negociações com o Brasil em março. No ano, o déficit, quando incluídos todos os produtos da balança comercial, soma US$ 1,6 bilhão. Conforme o governo americano, os Estados Unidos exportaram US$ 12,6 bilhões para o Brasil, e importaram US$ 11 bilhões.
O Brasil é o 9° destino no ranking das exportações dos Estados Unidos e o 18º no das importações.
Os produtos agropecuários ficam distantes desses grandes números. O déficit do setor em março foi de US$ 800 milhões, somando US$ 4,1 bilhões no primeiro trimestre. A certeza de que Trump colocaria barreiras no comércio mundial levou a uma antecipação de compras por vários países. Com isso, exportações americanas de janeiro a março deste ano tiveram queda de apenas 4% em relação às de 2024, recuando para US$ 40,4 bilhões.
Entre os principais alimentos exportáveis pelos Estados Unidos, apenas milho, carnes e derivados de leite não tiveram receitas inferiores às de janeiro a março de 2024. A líder soja, mesmo com o aumento de 50% nas exportações de março, em relação às de fevereiro, chega ao final do trimestre com receitas acumuladas de US$ 5 bilhões, 34% inferiores às de igual período de 2024.
Mesma tendência de queda teve trigo, arroz, algodão e sorgo. As vendas externas deste último derreteram, caindo de um acumulado de US$ 528 milhões no primeiro trimestre do ano passado para US$ 80 milhões neste.
As exportações de carnes não perderam espaço, mas tiveram pouco avanço. Caíram em março, em relação a fevereiro, mas sobem para US$ 6,61 bilhões no trimestre, 3% a mais do que em 2024. As exportações de milho, embora tenham caído em março, avançaram 28% no acumulado deste ano, para US$ 4,42 bilhões.
Segundo o BEA, as vendas externas do setor de alimentos e bebidas renderam US$ 14 bilhões em março, 6% a mais do que em fevereiro. As exportações totais do agronegócio, incluindo outros produtos como algodão e itens florestais, atingiram US$ 20,4 bilhões no ano. As importações subiram para US$ 24,5 bilhões.
As vendas externas totais de bens pelos Estados Unidos somaram US$ 523,4 bilhões no primeiro trimestre, abaixo dos US$ 953,9 bilhões de importações.