Ainda é cedo para a balança comercial brasileira apontar os resultados da guerra comercial entre China e Estados Unidos. Boa parte das exportações atuais estão sendo feitas com contratos de compra de período anterior ao da guerra das tarifas.
A balança comercial da agropecuária brasileira, no entanto, apresenta boa evolução em abril. Alguns produtos, como a soja e as carnes, estão envolvidos nessa guerra entre chineses e americanos. Outros, como o café, ficam fora dessa disputa.
O Brasil exportou mais soja no mês passado, principal produto da balança brasileira. Os dados da Secex (Secretaria de Comércio Exterior) indicam 15,3 milhões de toneladas, acima dos 14,7 milhões de março.
Já os chineses compraram menos do Brasil. Em abril, adquiriram 10,8 milhões de toneladas, 71% do que o país exportou. Em março, as importações chinesas haviam somado 11,1 milhões, 76% das exportações nacionais. Os percentuais deste ano são superiores ao de abril de 2024, que foi de 67% .
Nesse jogo de números dever ser considerada a diferença das duas safras. A do ano passado, prometida como recorde, teve forte quebra, e o país tinha menos produto para exportar. Neste ano, o volume é recorde, e o Brasil terá mais condições para atender à demanda da China.
Outro produto que entra nessa disputa entre americanos e chineses são as carnes, e os brasileiros têm capacidade de elevar as vendas externas. Em abril, as exportações da proteína “in natura”, somando as carnes bovina, de frango e suína, subiram para 838 mil toneladas, acima das 802 mil do mês anterior. Os chineses ficaram com 174 mil, 21% das vendas brasileiras, um percentual inferior aos 23% de há um ano.
As receitas brasileiras com as exportações totais de carne “in natura” atingiram US$ 2,4 bilhões no mês passado, acima das de março e dos US$ 2.1 bilhões de abril de 2024, segundo os dados provisórios da Secex. As vendas externas de carne bovina atingiram US$ 1,2 bilhão; as de frango, US$ 809 milhões, e a suína, US$ 277 milhões.
As exportações de café continuam aquecidas, somando US$ 1,25 bilhão no mês passado. Nesse mercado, os Estados Unidos são mais importantes do que os chineses para o Brasil. Já o mercado de milho não registra vendas externas tanto do Brasil como dos Estados Unidos para a China, uma vez que o país asiático está fora desse mercado neste ano.
Do lado das importações, a balança comercial brasileira apresenta algumas novidades. O quadro de aperto mundial de algumas commodities recolocou o Brasil como importador de produtos que costuma exportar. Em abril, as compras externas de café em grão dispararam. Embora ainda muito distantes do volume exportado, elas subiram 15.429% no mês.
As importações de cacau aumentaram 156%; as de borracha natural 55%; as de milho, 164%, e as de trigo, 10%. Este último sempre esteve na pauta de importações, devido à dependência nacional de parte do produto que consome.
As indústrias se preparam para a safra 2025/26, montando estoques de insumos. A compra externa de adubos subiu para 11,5 milhões de toneladas até abril, acima dos 10,2 milhões do mesmo período do ano, enquanto as de agrotóxicos foram para 205 mil toneladas no quadrimestre, acima das 167 mil de igual período anterior.