O preço do café não deve voltar ao patamar anterior mesmo após a crise que fez com que as cotações atingissem valores recordes, diz Andrea Illy, presidente global da italiana Illycaffè, uma das mais tradicionais empresas do setor.
Ele afirma que, no futuro, o preço do café, que outrora variava entre US$ 1,00 e US$ 1,50 por libra-peso, deve passar para algo entre US$ 1,80 e US$ 2,00.
Esse prognóstico depende, obviamente, de condições climáticas e de outros fatores econômicos, como o impacto das tarifas de importação impostas pelos Estados Unidos e a implementação da lei anti-desmatamento da União Europeia.
“O grande desafio é, como eu já disse, adaptação para uma agricultura resiliente. Isso é o verdadeiro desafio. Mas tem potenciais, tem recursos, tem muitas ferramentas que podem ser acionadas para isso”, afirma Illy durante entrevista concedida na manhã desta quinta-feira (8), em São Paulo, onde o italiano está para a cerimônia do prêmio Ernesto Illy.
Segundo Illy, o preço exorbitante que o café atingiu –chegando a superar a marca de US$ 4,00 por libra-peso– é fruto, em grande medida, de uma especulação.
“Não é um número que justifique o nível de preço que atingimos. Esse preço de US$ 4 por libra não é indicativo do equilíbrio da demanda e de oferta. Isso é uma gigante bolha especulativa que foi favorecida pela dupla seca em Vietnã e Brasil, que são os dois primeiros produtores mundiais de café”, disse.
O presidente da companhia voltou a falar da importância dos manejos regenerativos para enfrentar as mudanças climáticas e anunciou que a empresa pretende apresentar um projeto de inteligência artificial para a cafeicultura.
Esse projeto deve ser tornado público durante a COP30 (Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas), que será realizada em Belém, em novembro.
Instado a detalhar a ferramenta, Illy deu informações amplas sobre o projeto. Segundo o empresário, a IA é capaz de fazer correlações de dados de sistemas econômico, ambiental e social, a fim de simular o impacto de determinados eventos no cultivo.
Questionado sobre como enxerga o futuro do mercado, Illy diz que entre as principais tendências estão a ingestão de cafeína como produto funcional e a crescente gourmetização da bebida.
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