Após uma tentativa frustrada do governo Lula de conceder a Rota da Celulose à iniciativa privada em 2024, o trecho sul-mato-grossense foi arrematado pelo consórcio K&G Rota da Celulose, composto pela K Infra Concessões e pela Galápagos Participações, em leilão realizado na B3 (a Bolsa de Valores de São Paulo), nesta quinta-feira (8).
Na modelagem do certame, as concorrentes ofereciam deságio sobre a tarifa de pedágio —e vencia o maior desconto, ou seja, a menor tarifa—, que é atrelado a um aporte. O consórcio vencedor propôs um desconto de 9%, e terá de fazer também um aporte de R$ 217.389.913,70.
As vencedoras bateram outros três proponentes. O consórcio Caminhos da Celulose, encabeçado pela XP, ofereceu desconto de 8%. Já a Rotas do Brasil, das gestoras Kinea e Way, propôs um deságio de 5%. O fundo BTG Pactual Infraestrutura III deu o menor lance, de 4%.
O leilão não chegou a ir para o viva-voz, etapa em que os proponentes vão aumentando suas ofertas até chegarem ao valor final.
A concessão é formada por quatro rodovias: BR-262, BR-267, MS-040, MS-338 e MS-395. Os trechos ligam Três Lagos ao município de Nova Alvorada do Sul, passando pela capital, Campo Grande.
A rota é importante para o escoamento da produção do agronegócio do estado e para o transporte da cadeia produtiva da indústria de celulose do leste de Mato Grosso do Sul —por isso o nome Rota da Celulose.
Ao todo, os trechos leiloados nesta quinta somam 870,3 km de extensão, com previsão de R$ 6,91 bilhões de investimentos em obras (capex) e R$ 3,19 bilhões em custo de operação (Opex).
Entre as intervenções previstas, estão obras de duplicação, criação de acostamentos e implementação de terceiras faixas.
No fim de 2024, o governo Lula tentou leiloar a Rota da Celulose, mas o projeto não recebeu propostas. O certame estava marcado para o dia 6 de dezembro. O projeto de concessão foi estruturado pelo governo do Mato Grosso do Sul.
Conforme a Folha apurou à época, dentro do Ministério dos Transportes, a avaliação era a de que os empresários estavam focados em outros projetos considerados mais atrativos da carteira de concessões rodoviárias, o que teria acabado por deixar a oferta em Mato Grosso do Sul em segundo plano.
À reportagem, a secretária nacional de transporte rodoviário, Viviane Esse, disse ser normal, diante de uma grande carteira de ativos a serem concedidos, que alguns projetos não recebam propostas e precisem passar por adequações. Segundo ela, para o novo leilão da Rota da Celulose, o Ministério dos Transportes ajustou cronograma e valores como remuneração da futura concessionária.