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Viagem de moto: como é ir de São Paulo a Ouro Preto – 07/05/2025 – Turismo

Desde a infância, nos anos 1990, no interior de São Paulo, a paixão por duas rodas me fisgou. Aos cinco anos me lembro de fazer um passeio de Monareta, a icônica mobilete da Monark, guiada por meu pai.

Com 10 anos, a bicicleta já era fiel companheira. Comecei tímido, na rua de casa, para logo me aventurar no quarteirão, e em pouco tempo, desbravar os bairros vizinhos. A calmaria de cidade pequena era minha aliada.

Aos 12, antes das férias escolares, já planejava novos desafios: chegar a outra cidade. Chamava um amigo, que quase sempre não topava. Com um mapa turístico dobrado dentro da mochila, procurava ruas desconhecidas. Ao chegar ao destino, marcava cuidadosamente a rua percorrida com caneta. Depois contemplava o movimento sentado à sombra de uma árvore. Tenho o mapa guardado até hoje. Dos 17 para os 18 anos, conquistei habilitação para carro e moto. Desde então não parei mais.

Anos depois, descobri que o amor pelas duas rodas era um legado familiar. Um tio, aos 79 anos, manteve-se na ativa até o ano passado. Seu Zé Canella nos deixou neste mês, vítima de um câncer. Sua última viagem foi para Foz do Iguaçu, em outubro passado. Foi se encontrar com o amigo Heraldo, recém-chegado de uma jornada solitária de um mês pela América do Sul —talvez passando por algumas paisagens da série “Long Way Up”.

Mas não só de tempo para longas jornadas, disposição e dinheiro vive o motociclista. Os revigorantes bate e volta são acessíveis ao bolso e à agenda. O desafio é encontrar um parceiro para longas expedições, com as ideias alinhadas, conciliar férias do trabalho, compromissos familiares e que, além de superar imprevistos, isso não se torne um obstáculo.

A verdadeira liberdade está em rodar sozinho. É a autonomia de parar ou seguir, de contemplar a paisagem, clicar fotos, reservar ou não todos os hotéis, estender a estadia numa cidade acolhedora ou antecipar a partida quando o clima não ajudar. Afinal, todo motociclista prefere o asfalto ensolarado e o céu azul ao clima chuvoso e cinzento.

Entretanto, a jornada solitária exige organização e uma dose de coragem. É preciso estar emocionalmente preparado para não sucumbir ao medo no meio do caminho. Confesso que, nos dias que antecedem uma aventura solo, a ideia de desistir me assombra, especialmente quando há filhos pequenos na equação.

Curiosamente, durante o trajeto, encontramos outros aventureiros na mesma situação. Isso nos estimula a manter a rota e deixar o receio para trás.

Mas a estrada não é para todos. Proprietários de motos de alta cilindrada, frequentemente visadas por ladrões, anseiam por viajar, mas evitam sair, principalmente na Grande São Paulo. Muitos preferem a segurança dos grupos, na esperança de diminuir os riscos de assalto. Há também aqueles que optam por trocar suas possantes máquinas por modelos de menor cilindrada e marcas menos cobiçadas.

Para quem busca uma experiência despreocupada, empresas especializadas em passeios com roteiros planejados, carro de apoio, guias experientes, café da manhã e pedágios inclusos oferecem uma excelente alternativa para conhecer novos entusiastas e compartilhar a paixão por duas rodas.

Em julho de 2023 explorei algumas opções de aluguel de moto. Minha escolha foi a Himalayan 411cc, da marca indiana Royal Enfield, então pouco conhecida no Brasil. A experiência foi positiva e decidi alugá-la novamente para uma jornada de cinco dias até Ouro Preto (650 km de rota), percorrendo trechos da histórica Estrada Real.

Saindo às 7h de Santo André, na Grande SP, fui até a rodovia Fernão Dias, e então na MG-458, sentido Lambari; depois, Caxambu, alcançando Baependi após 350 km. No dia seguinte, passando por terra em São Vicente de Minas, segui a caminho de São João del-Rei. No terceiro dia, Ouro Preto me acolheu em uma tarde de domingo. Explorei os pontos turísticos a pé, e fiz o tour guiado pela mina Jeje.

À noite saí para jantar, e a cidade estava fria, mas acolhedora. Na praça Tiradentes, a República Cervejeira era ótima opção para lanches e cervejas artesanais. Na jornada de retorno, dividida em dois dias, parei em Caxambu. No dia seguinte, voltei por Passa Quatro até chegar à rodovia Presidente Dutra, sentido ABC.

A essência de viajar de moto não é somente chegar ao destino estimado, mas também retornar de moto, inteiro. Foram cinco dias abençoados sem chuvas e sem perrengues.

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