A lavação de roupa suja no governo, disparada por críticas do ministro da Casa Civil, Rui Costa, ao chefe da CGU, Vinícius de Carvalho, desestabilizou a tentativa do governo de mostrar unidade no anúncio dos detalhes da devolução do dinheiro roubado dos aposentados pelo esquema de corrupção no INSS.
Na véspera, Rui Costa acusou Carvalho de ter falhado em não alertar o governo para as primeiras apurações e da dimensão dos desvios.
Após erros no início da crise, o Planalto contava com o anúncio do plano de ressarcimento e do pedido de bloqueio dos bens de 12 entidades de fachada envolvidas nas fraudes.
Quem assistiu à entrevista do anúncio percebeu o desconforto de Carvalho em ter que defender o trabalho da CGU, que junto com a PF deflagrou a operação Sem Desconto contra as irregularidades.
Costa preferiu atacar a CGU para emplacar o discurso de que a culpa não é do governo Lula, enquanto a própria Casa Civil ignorou um processo de improbidade administrativa contra o ex-diretor de Benefícios do INSS, André Fidelis, ao avaliar a sua indicação para o cargo, em 2023. Fidelis é um dos investigados na operação.
Das duas, uma: ou falhou o pente-fino da Casa Civil no aval para as nomeações ou a pasta não tinha como recusar por alguma razão a indicação do padrinho por trás da indicação de Fidelis, a Conafer.
Na mesma entrevista, o ministro Jorge Messias (AGU), derrubou a narrativa de uma ala do governo de que não haveria recursos do Tesouro no ressarcimento das vítimas.
Não só terá dinheiro do Tesouro como Messias admitiu que umas das possibilidades seria a edição de um crédito extraordinário, que permite fazer a despesa fora das regras fiscais.
Essa é outra disputa aberta com a equipe de Fernando Haddad pelo protagonismo na decisão de como pagar. A Fazenda quer usar o dinheiro dentro das regras fiscais com o espaço reservado ao PAC, programa tocado por Costa.
A decisão de expor os problemas no empréstimo consignado no INSS é outro ingrediente na crise. O que não falta é briga.