O dólar abriu oscilando nesta sexta-feira (9), enquanto investidores aguardavam as discussões entre autoridades de Estados Unidos e China no fim de semana enquanto avaliavam dados de inflação no Brasil.
Às 9h12, o dólar caía 0,06%, a R$ 5,6587 —na semana, a moeda acumula alta de 0,05%. Nesta quinta-feira (8), o dólar abriu em leve baixa nas primeiras negociações, mas intensificou queda e fechou abaixo do patamar de R$ 5,70, recuando 1,43%, a R$ 5,661.
O recuo do dólar interrompeu uma sequência de três altas consecutivas, quando a divisa dos EUA acumulou uma elevação de 1,56%. No ano, porém, a moeda acumula baixa de 8,37%.
Já a Bolsa fechou com um forte avanço de 2,12%, a 136.231 pontos, puxada pelo bom desempenho de algumas empresas, como Azzas 2154, Auren Energia, Minerva e Ultra. As ações do Bradesco estavam entre os destaques do Ibovespa, subindo mais de 15% após resultado melhor do que o esperado no primeiro trimestre de 2025.
Durante o pregão, o índice chegou a registrar uma alta de mais de 3%, atingindo 137.634 mil pontos —acima da máxima histórica de 137.343 pontos de 28 de agosto de 2024.
O anúncio de um acordo tarifário entre Estados Unidos e Reino Unido, e decisões sobre as taxas de juros do Fed (Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos) e do BC (Banco Central do Brasil) criaram um clima de otimismo entre os investidores, o que impulsionou tanto o mercado de câmbio, quanto o mercado de ações.
Na cena doméstica, o mercado nacional reagiu à decisão do Banco Central, que elevou a taxa Selic em 0,5 ponto percentual no início da noite de quarta-feira, a 14,75% ano. É o maior nível registrado em 19 anos.
A autoridade monetária, porém, deixou em aberto seu próximo passo na reunião de junho. Economistas e analistas do mercado já aguardavam a alta e acreditam que isso abre possibilidades para o fim do ciclo de elevação dos juros, o que refletiu no otimismo dos investidores e no bom desempenho do mercado nacional.
“O mercado de câmbio opera com viés de baixa nesta quinta-feira, refletindo a combinação de juros elevados no Brasil, ambiente externo misto e movimento técnico de correção”, diz Bruno Botelho, especialista em câmbio da One Investimentos.
“O comunicado do Banco Central retirou o termo ‘ciclo’, indicando proximidade do fim do aperto monetário, o que suaviza parte do movimento, mas mantém o diferencial de juros em níveis historicamente altos”, afirma Botelho.
Paulo Silva, cofundador da Consultoria Advisory 360, afirmou que o comitê tomou a decisão acompanhada de um comunicado firme do Banco Central, reafirmando o compromisso de manter uma política monetária contracionista para controlar a inflação.
“Isso aumentou a confiança dos investidores, trazendo previsibilidade e reduzindo riscos”, diz Silva.
Com ele concorda Davi Lelis, especialista e sócio da Valor Investimentos.
“Como não foi nada fora do esperado e dentro do radar dos investidores, a Bolsa reage bem no dia seguinte”.
Na perspectiva de Ian Lopes, economista da Valor Investimentos, o comunicado do BC sinaliza um arrefecimento na subida da Selic.
“Não significa que vai cair, mas pelo menos a gente deve ver manutenções da taxa daqui para frente muito provavelmente.”
Segundo Alison Correia, analista de investimentos e sócio-fundador da Dom Investimentos, tendo em vista a linha técnica que o presidente do BC Gabriel Galípolo tem adotado, a expectativa é de que a Selic seja mantida inalterada para as próximas reuniões.
“Tivemos uma decisão dentro do esperado, que foi unânime e isso é positivo. Agora estamos com uma das maiores taxas de juros real do planeta, o que é ruim. Mas é bom saber que Galípolo está comprometido com as questões técnicas.”
A próxima reunião do Copom (Comitê de Política Monetária) do BC, ocorre nos dias 17 e 18 de junho.
Na cena internacional, os movimentos do real e da Bolsa nesta sessão também refletiam um cenário de maior apetite por risco no exterior, após o presidente dos EUA, Donald Trump, anunciar um acordo tarifário com o Reino Unido, o primeiro desde que embarcou em uma série de negociações comerciais com seus parceiros.
O acordo tarifário entre os países alivia os mercados e beneficia países emergentes como o Brasil, atraindo capital estrangeiro para a Bolsa em busca de melhores oportunidades, o que ajudou a beneficiar o câmbio.
Em publicação no Truth Social, ele afirmou que o acordo comercial criará uma zona de comércio para alumínio e aço e protegerá a cadeia de suprimentos farmacêuticos, enquanto o acordo era anunciado na Casa Branca.
“Isso tem favorecido as esperanças dos investidores de que talvez as tensões comerciais possam começar a ser reduzidas daqui para frente, com a possibilidade de acordos”, diz Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
“Esse acordo pode acabar beneficiando setores como automóveis, aço, tecnologia. Isso traz um otimismo global que reflete aqui na nossa Bolsa também”, diz Lelis, da Valor Investimentos.
“A instabilidade nos mercados desenvolvidos, a dependência da economia brasileira em commodities e a perspectiva de um ciclo de crescimento mais consistente atraíram investidores internacionais”, afirma Silva, da Advisory 360.
Os mercados financeiros têm sido abalados desde que Trump anunciou uma série de tarifas abrangentes em 2 de abril, no chamado “Dia da Libertação”. Uma semana depois, ele forneceu uma pausa de 90 dias para a maioria das taxas, mantendo, no entanto, as tarifas sobre Pequim.
A disparada da Bolsa também foi impulsionada pelas ações do banco Bradesco, que registraram alta de mais de 15% após o lucro do banco subir para R$ 5,9 bilhões no 1º trimestre. A cifra representa um crescimento anual de 39,3% e trimestral, de 8,6%.
O resultado, divulgado pelo banco nesta quarta-feira (7), veio acima dos R$ 5,43 bilhões projetados por analistas consultados pela Bloomberg.
As ações ordinárias do Bradesco (BBDC3), que dão direito a voto, subiram 14,04%, a R$ 13,40. Já as ações preferenciais do banco (BBDC4), com prioridade no recebimento de dividendos, tiveram alta de 15,64%, a R$ 15,08.
As ações europeias fecharam em alta nesta quinta-feira e as ações americanas também avançavam, depois do anúncio do acordo comercial entre EUA e Reino Unido para reduzir as tarifas.
O índice pan-europeu STOXX 600 fechou em alta de 0,4%. Em Frankfurt, o índice DAX subiu 1,02%, enquanto o índice CAC-40 de Paris ganhou 0,89%. Milão também registrou alta, com valorização de 1,71% no índice Ftse/Min.
Nos Estados Unidos, o Dow Jones subiu 0,62%, enquanto o S&P 500 ganhou 0,58%, e o Nasdaq Composite teve alta de 1,07%.