Mesmo enquanto o presidente dos EUA, Donald Trump, e o Doge (Departamento de Eficiência Governamental) de Elon Musk buscam cortar programas e reduzir drasticamente o tamanho da força de trabalho do governo, o déficit federal aumentou em US$ 196 bilhões (R$ 1 trilhão) neste ano fiscal, à medida que os gastos com serviços de seguridade social e programas de defesa continuam a subir.
O governo gastou US$ 342 bilhões (R$ 1,9 trilhão) a mais no ano fiscal que começou em 1º de outubro do que no mesmo período durante o ano fiscal anterior, informou na quinta-feira (8) o Escritório de Orçamento do Congresso (CBO), contador não-partidário dos legisladores. Também arrecadou US$ 146 bilhões (R$ 825 bilhões) a mais, incluindo um aumento de 7% no imposto de renda individual, que superou em muito as projeções oficiais.
De janeiro a abril, os primeiros três meses e meio do mandato de Trump, os gastos aumentaram em US$ 166 bilhões (R$ 939 bilhões).
Os números destacam dinâmicas de longa data na saúde fiscal do país, e também as prioridades agressivas da Casa Branca dos primeiros 100 dias de Trump.
Os gastos com defesa aumentaram em US$ 39 bilhões (R$ 221 bilhões) em comparação com o ano fiscal de 2024, descobriu o CBO. Os gastos do Departamento de Segurança, com as tentativas de deportar 1 milhão de imigrantes no ano, saltaram em US$ 18 bilhões (R$ 102 bilhões).
Mas os maiores impulsionadores dos gastos são os itens que tradicionalmente pesam no balanço dos EUA: Seguridade Social, Medicare e Medicaid.
À medida que os baby boomers atingem a idade máxima de aposentadoria, eles estão sacando benefícios dos fundos de confiança da Seguridade Social e Medicare mais rapidamente do que podem ser reabastecidos. Os dois programas combinados gastaram quase US$ 1,5 trilhão (R$ 8,5 trilhões) no ano fiscal, um aumento de US$ 70 bilhões (R$ 396 bilhões) em relação ao ano anterior.
O cenário sombrio de gastos tem influenciado a retórica em torno do enorme pacote de impostos, imigração e energia de Trump e dos republicanos, legislação que o presidente e seus aliados apelidaram de “grande e belo projeto de lei”.
Os defensores da austeridade fiscal estão buscando garantias de pelo menos US$ 2 trilhões (R$ 11 trilhões) em cortes de gastos como parte da medida, que busca tornar permanentes trilhões de dólares adicionais em cortes de impostos da Lei de Cortes de Impostos e Empregos de 2017 de Trump.
Os republicanos estão lutando para atingir essa marca. Trump na quarta-feira (7) pediu ao presidente da Câmara, Mike Johnson, para permitir que as taxas de impostos aumentem para contribuintes que ganham mais de US$ 2,5 milhões por ano em renda tributável, o que reduziria o custo da legislação.
O Partido Republicano, porém, também planeja usar uma manobra contábil para abater o custo da extensão de políticas que estão prestes a expirar e que já estão em vigor.
No papel, isso manteria o déficit estável, mas poderia aumentar os custos de empréstimo de qualquer forma, dizem os especialistas, porque o governo federal ainda teria que tomar emprestado o dinheiro para financiar a redução na receita tributária.
“Em vez de continuar a adicionar à nossa dívida nacional recorde com trilhões em cortes de impostos e aumentos de gastos não pagos, os legisladores deveriam se unir para abordar seriamente nossa perspectiva fiscal insustentável”, disse Maya MacGuineas, presidente do Comitê para um Orçamento Federal Responsável, um think tank de Washington, em um comunicado.
“Nossa perspectiva fiscal está em um caminho destrutivo, e já é hora de fazermos algo para consertá-la”.
