/ May 09, 2025

Maioria se preocupa com mudanças climáticas – 08/05/2025 – Bráulio Borges

Foram publicados na semana passada os resultados de uma pesquisa do Datafolha que sondou a população brasileira sobre a questão das mudanças climáticas.

A manchete da reportagem da Folha deu destaque para o aumento do percentual da população que considera que isso não é um problema, que passou de 5% em meados de 2024 para 9% na leitura mais recente (abril deste ano). Em termos relativos, esse percentual quase dobrou —seria uma espécie de “efeito Trump”?

Contudo, o mais importante da pesquisa é que 53% dos brasileiros acham que as mudanças climáticas representam um risco imediato para a população do planeta, com outros 35% considerando que tais mudanças serão um risco para as pessoas que viverão daqui a muitos anos. Ou seja: quase 90% da população brasileira avalia que essa é uma questão importante, ainda que haja um percentual relevante que considere que isso não seja um risco imediato. Os negacionistas são uma minoria.

Esses percentuais estão relativamente próximos de uma sondagem realizada pela Ipsos no primeiro bimestre deste ano em 32 países: 64% das pessoas avaliaram que algo deve ser feito para combater a mudança do clima, para assegurar que as próximas gerações também tenham direito a um planeta saudável e sustentável para viver e prosperar (apenas 13% apontaram o oposto).

Uma outra pesquisa global, que escutou quase 130 mil pessoas em 125 países e foi publicada na revista Nature Climate Change no começo de 2024, apontou, dentre outras coisas, que 69% da população do planeta estaria disposta a contribuir com 1% de sua renda para apoiar medidas de adaptação e mitigação das mudanças climáticas.

Assim, a ampla maioria da população mundial parece concordar com a ideia de que o desenvolvimento econômico e social somente será sustentável caso sejam adotadas ações de mitigação e adaptação em nossos sistemas econômicos e sociais para lidar com as mudanças já “contratadas”, tornando-os mais resilientes.

Do ponto de vista da agenda de política econômica, a mudança do clima passou a ter maior reconhecimento há aproximadamente uma década, com a celebração do Acordo de Paris (2015) e a aceleração da descarbonização e da transição energética global.

Um evento bastante simbólico dessa incorporação das questões ambientais ao mainstream da economia foi a concessão do Prêmio Nobel de Economia para o pesquisador William Nordhaus em 2018, “por integrar a mudança do clima na análise macroeconômica de longo prazo”. Os estudos de Nordhaus e de vários outros pesquisadores constituem a base para a estimativa daquilo que é conhecido como Custo Social do Carbono (Social Cost of Carbon).

Como o nome deixa claro, o CSC corresponde a um “custo”. Nesse contexto, o CSC quantifica e sintetiza em um único indicador os impactos negativos gerados pelas emissões de gases de efeito estufa sobre as sociedades e a economia, em várias dimensões (saúde humana, produtividade agrícola, danos ao capital físico já existente gerados por eventos climáticos extremos, dentre vários outros).

As estimativas mais recentes colocam esse valor entre US$ 200 e US$ 300 por tonelada adicional de gás de efeito estufa despejado na atmosfera.

Embora em vários países o conceito de CSC já esteja sendo devidamente incorporado à análise de custos e benefícios das diversas políticas públicas, no Brasil isso ainda é incipiente. Precisamos passar a considerar o CSC explicitamente em consideração na definição da tributação de combustíveis de origem fóssil (gasolina, diesel, óleo combustível etc.) bem como na tributação e na regulação de outras atividades que geram emissões de gases de efeito estufa.


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