/ May 10, 2025

Incerteza do Copom atinge maior nível desde a pandemia – 09/05/2025 – Mercado

O índice de incerteza do Copom (Comitê de Política Monetária) atingiu o maior nível desde agosto de 2022, período marcado pelo aumento da tensão na Guerra da Ucrânia e pela terceira onda da pandemia de Covid, causada pela variante ômicron. O dado faz parte de um levantamento elaborado pelo economista Bruno Imaizumi, da LCA 4intelligence.

A economia internacional, que passa por um momento de maior volatilidade desde o início da guerra comercial pelos Estados Unidos, foi o tema de maior impacto sobre o comportamento do indicador, seguido por política monetária, inflação, questão fiscal e atividade econômica.

A análise considera informações de 70 reuniões do Copom, desde julho de 2016. Na construção do índice, o pesquisador utilizou ferramentas de processamento de linguagem natural –ramo da inteligência artificial que permite fazer análise de texto e imagem– para capturar a incerteza expressa pelo Banco Central ao redigir os comunicados dos encontros.

Na abertura dos dados, a incerteza em relação ao ambiente externo ficou no patamar mais alto da série histórica, iniciada em 2016 –superando até mesmo o auge da pandemia.

“A incerteza é maior dessa vez porque todas as ações de políticas tarifárias acabam dependendo da decisão de pouquíssimas pessoas. Fica muito mais incerto entender como pensa a cabeça de Donald Trump, um cara super populista”, diz Imaizumi.

“É preocupante porque a gente está falando de uma das maiores economias globais. Muito mais perigoso do que ter um populista em um país emergente é ter um populista que tem uma economia muito forte em suas mãos. A incerteza acaba se elevando”, acrescenta.

No comunicado da última reunião, na quarta (7), o Copom disse que a política comercial dos Estados Unidos “alimenta incertezas sobre a economia global”, sobretudo no que diz respeito ao grau de desaceleração econômica e ao efeito heterogêneo sobre a inflação de diversos países –o que traz consequências para a condução da política de juros.

O comitê elevou a taxa básica Selic em 0,5 ponto percentual, de 14,25% para 14,75% ao ano. Com a decisão, os juros foram alçados ao maior nível em quase 20 anos.

O colegiado do BC cumpriu o plano traçado no encontro anterior, em março, e desacelerou o ritmo de alta da Selic após três aumentos consecutivos de um ponto percentual. Dessa vez, optou por deixar seus próximos passos em aberto, falando em flexibilidade e cautela diante do cenário de “elevada incerteza”.

A retirada do “forward guidance” (sinalização futura) abriu um debate no mercado financeiro sobre o fim do ciclo de alta de juros. Para uma parcela dos economistas, o Copom deu sinais de que fez seu último movimento neste encontro. Outra fatia, por sua vez, aposta em um ajuste residual em junho, de 0,25 ponto percentual, o que levaria a Selic a 15% ao ano.

Ao analisar o ambiente doméstico, o comitê ressaltou o dinamismo da atividade econômica e do mercado de trabalho, mas disse observar uma “incipiente” moderação no crescimento.

As dúvidas sobre a desaceleração da economia brasileira não foram captadas pelo indicador de incerteza na análise do último comunicado –o item ficou zerado.

“O Banco Central usou uma sentença para falar de atividade e não teve uma identificação pelo algoritmo de palavras relacionadas à incerteza, mas possivelmente na ata a gente vai ter incerteza [em relação] à atividade”, diz o economista da LCA.

Imaizumi ressalta que, no comunicado, a autoridade monetária mostra maior preocupação com a incerteza provocada pela questão fiscal do que pela atividade econômica.

“A política fiscal nos últimos anos tem sido muito expansionista. Isso estimula a atividade e, consequentemente, traz mais ineficácia para a política monetária. Então, boa parte dessa economia bombando nos últimos três anos, seja em 2022 com [Jair] Bolsonaro e em 2023 e 2024 com Lula, vem desse populismo fiscal”, afirma o pesquisador.

A ata do Copom será divulgada na próxima terça-feira (13), quando serão detalhadas as discussões que subsidiaram a decisão sobre o patamar da Selic. Segundo o pesquisador, como o documento é mais extenso, a incerteza fica mais diluída nos variados temas.

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