/ May 11, 2025

Marina Sousa é nova líder da MSP Estúdios e busca inovação – 10/05/2025 – Mercado

Após ter vendido um bilhão de gibis em cerca de 60 anos de existência, a fantástica fábrica de quadrinhos do desenhista Mauricio de Sousa, 89, uma das maiores e mais relevantes do mundo, deu início a uma mudança histórica, que começou pelo nome: deixou de ser MSP (Mauricio de Sousa Produções) para adotar o título de MSP Estúdios.

Mas o movimento que mais vai mexer com a estrutura da gigante das histórias infantis brasileiras é a escolha de Marina Sousa, 40, a filha mais nova do artista, para assumir o comando dos negócios como diretora-executiva. A nova diretoria conta ainda com Fábio Junqueira, Marcos Saraiva –neto de Mauricio– e Mauro Sousa, também filho do ilustrador.

Marina diz que está vivendo “um misto de emoções” ao assumir o cargo ao mesmo tempo em que vê seus filhos Martin, 5, e Cora, 1 crescerem e que está feliz pela sucessão estar sendo feita com o pai a seu lado, “segurando a mão”.

A nova diretora-executiva, que falou exclusivamente à Folha pela primeira vez no cargo, afirma que a diversidade, o avanço no audiovisual e a adoção de novas tecnologias vão ser pilares de sua gestão e que a inteligência artificial “é inevitável” é o “grande desafio” da empresa.

A personagem que seu pai fez para você nos gibis tem um lápis mágico que abre portas com poder de transformar as coisas. Que portas você está desenhando para a empresa?

Antes de qualquer coisa, abriria portas para mais mulheres. O meu lugar aqui na empresa está me mostrando muito a importância de representar as mulheres. Sinto falta de ter mais mulheres próximas. A troca faz uma diferença gigantesca. Também adoraria conhecer pessoas diferentes das quais convivo. Traria mais diversidade e de uma forma mais rápida, mais simples, com um lápis mágico.

O filme do Chico Bento teve 1 milhão de espectadores. O audiovisual segue como aposta?

Com certeza é um caminho, é uma meta. O objetivo dessa nova diretoria é fortalecer a nossa marca e ser uma empresa multiplataforma. No mundo atual, as crianças estão muito conectadas. Precisamos expandir cada vez mais e mostrar mais as nossas turmas dentro da nossa marca, que, agora, é a MSP Estúdios.

Dentro dela tem muito mais do que Turma da Mônica, a gente quer mostrar isso no audiovisual, a forma mais fácil de chegar, de encontrar o nosso público. O [filme] Chico Bento só provou que a gente tá no caminho certo. É um universo muito rico, apaixonante. Vem muita coisa pela frente. Em 23 de outubro vai ser lançada a biografia do Mauricio, com o meu irmão [Mauro] como Mauricio de Sousa. A expectativa é gigantesca, já sei que vou chorar horrores. O filme vem com tudo e faz parte da comemoração do aniversário do Mauricio de 90 anos.

Como se equilibra o legado que vem das histórias em quadrinhos, do papel, com a modernidade, com as novas tecnologias?

Tenho uma conexão muito forte com o Mauricio, obviamente, é meu pai, e com tudo que ele fez. Fui uma criança que aprendeu a ler com gibis da Turma da Mônica, como acho que a maioria dos brasileiros. Tenho um afeto muito forte com essa turma. Não tem como isso sair da minha alma, do meu ser. Estou sempre ligada a esse legado.

Mas a gente não tem como negar o futuro ou o que está na nossa frente agora. Tenho que fazer tudo com muita responsabilidade, com muito cuidado, de pegar o que nos trouxe até aqui e juntar com o que ainda vem pela frente. É um casamento que vai dar certo.

Mas também não existe a preocupação com a proteção do conteúdo? Como tem sido a discussão da inteligência artificial usando o conteúdo do Mauricio?

A inteligência artificial é inevitável. A gente não pode simplesmente fechar os olhos e falar que isso não existe, não vai existir, não vamos usar nunca. Temos que aceitar e unir forças dentro de um quadro com muitas regras, com muito respeito a tudo que o Mauricio já fez, aos artistas, aos traços. Tem que regulamentar, mas a gente precisa abrir os olhos e aceitar que esse é o novo desafio nosso. É um grande desafio.

Nos últimos, A Turma da Mônica avançou na discussão de diversidade [vários novos personagens criados]. Isso segue como estratégia?

Não só continua como nunca estamos satisfeitos e sempre buscamos melhorar. Nossa meta é nunca se acomodar achando que já cumprimos uma cota, que já temos o suficiente. A gente continua aprendendo. Trabalhamos muito nos últimos anos, mas temos que ir atrás de evoluir mais. Sempre estudando, sempre ouvindo, sempre conversando e tendo na nossa estrutura também a diversidade. Não adianta nada a gente trazer palestrante aqui, ouvir, falar e não agir.

Desafios também estão no streaming, jogos online, metaverso, webtoons?

Definitivamente. Acompanhar a loucura que é a rapidez de tudo que é lançado. Está sendo muito desafiador, ainda mais com filhos. Vejo a rapidez com que mudam de interesse. Crio conteúdos para crianças, então, a gente tem que acompanhar. Qual é o interesse? De onde está vindo? Vai se prolongar? Vale a pena apostar nisso?

Não tem como não se adaptar a eles, aos gostos, a como enxergam. A gente tem que estar próximo mesmo das crianças e do público em geral porque não são só elas que se adaptam às coisas ou que mudam de interesses. Todas as gerações são assim. O nosso público são várias gerações. É de 0 a 100.

Você desempenhou vários papéis aqui na MSP e agora é a líder da história. Como isso chega pessoalmente a você?

Cresci dentro dessa empresa. Conheço algumas pessoas aqui mais do que conheço alguns familiares. É uma responsabilidade não só pelo poder de estar numa diretoria-executiva, gerir uma empresa inteira, mas é uma responsabilidade ser a filha do Mauricio que todo mundo viu criança e agora é uma adulta com muitas decisões que precisam ser tomadas. Tenho trabalhado muito na terapia. Divido a diretoria-executiva com o irmão meu Mauro [Sousa], então a gente compartilha muito os nossos anseios, medos, ansiedades, conquistas. Não sou uma líder isolada aqui.

E como esse universo de ser mãe impactou na sua visão do próprio negócio?

É o meu assunto preferido. Meu grande momento da vida agora é esse equilíbrio entre a maternidade e a minha profissão. Acho grandioso demais. Trabalho com crianças, trabalho com histórias infantis, com conteúdo infantil e tenho filhos que consomem o que eu faço. É muito louco.

Eu me vejo também me cobrando. ‘Olha, essa história podia estar melhor’. Eu sou a leitora, eu sou a pessoa que produz, eu sou a pessoa que avalia, eu sou a mãe da criança que reclama de algo que precisa melhorar. É um misto de emoções. É uma aventura conciliar as duas coisas. Mas é muito bom, é muito legal.

E como seu pai se sentiu nessa passagem de bastão?

Cresci ouvindo do meu pai que eu era a sucessora artística dele. Eu me sinto muito honrada de ter herdado o dom artístico dele e da minha mãe [Alice Takeda, roteirista e artista plástica]. Meu pai não é direto. Ele nunca vai falar que você tem que fazer isso, isso ou isso. Ele conta histórias e você interpreta. Esse é o segredo de conversar com o sr. Mauricio de Sousa. Sinto que estou trazendo muito da essência dele para empresa. Ele demonstra muita felicidade sempre que a gente se encontra, quando passa pela empresa e vê as novidades surgindo. A minha maior felicidade é poder fazer essa sucessão com ele vivo, com ele aqui do nosso lado, segurando nossa mão.


RAIO-X

Marina Sousa, 40

Diretora-executiva da Mauricio de Sousa Estúdios, formada em Comunicação Social pela ESPM (Escola Superior de Propaganda e Marketing). Desde pequena faz roteiros, desenha e contribuiu com as produções e os projetos da empresa. Foi inspiração do pai para a criação da personagem Marina, da Turma da Mônica. Ela é a mais nova entre cinco filhas de Mauricio, que tem outros cinco filhos homens. É mãe de duas crianças e adora cinema.

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