/ May 13, 2025

Consignado CLT adiciona 0,9 ponto ao PIB até 2026 – 12/05/2025 – Mercado

Apesar de enfrentar a maior taxa de juros em duas décadas, a economia brasileira pode crescer acima de 2% neste ano e avançar outros 2% no ano que vem, em meio aos impactos positivos do crédito consignado CLT e da ampliação da isenção do Imposto de Renda sobre a atividade.

Na avaliação de economistas, os estímulos tendem a ganhar tração com a aproximação de 2026, ano eleitoral, cenário que erode parte dos esforços da autoridade monetária de esfriar a economia e domar a inflação, deixando o Banco Central remando contra a maré.

Sergio Vale, economista-chefe da MB Associados, calcula que apenas o crédito consignado para o setor privado com garantia do FGTS (Fundo de Garantia por Tempo de Serviço), lançado em março deste ano, deverá ter um impacto positivo de ao menos 0,9 ponto percentual no PIB (Produto Interno Bruto) até 2026.

De acordo com ele, as concessões de crédito da modalidade devem passar dos atuais R$ 2 bilhões para R$ 10 bilhões por mês até o final do ano que vem. A partir da relação histórica entre o crédito consignado e o PIB (ou seja, quanto o primeiro historicamente estimula o segundo), Vale projeta que a atividade crescerá quase 1 ponto percentual a mais até dezembro de 2026 —sendo 0,4% neste ano e 0,5% no próximo.

Outro benefício de peso é a ampliação da faixa de isenção do Imposto de Renda para R$ 5.000, que poderia adicionar outro 0,5 ponto percentual ao PIB do ano que vem.

“Um PIB magro de 1% se transforma com duas medidas de peso em 2%, sem considerar outras medidas adicionais que o governo tem feito e fará. Serão dois anos seguidos em que o governo focará todos os esforços para que o crescimento apareça”, avalia. “É contraproducente. O governo estimula o crescimento e o BC, do outro lado, tenta combater.”

A preocupação é que as medidas reduzam a chance de uma inflação mais baixa, obrigando o BC a manter os juros altos por mais tempo para combater a variação de preços.

Dados do Boletim Focus divulgados nesta segunda (12) mostram que a expectativa é de um IPCA (Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo) de 4,5% no ano que vem, ou seja, no teto da meta de inflação, que é de 3% com intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.

JUROS NEUTROS ELEVADOS

Ex-diretor de política monetária do Banco Central, Fabio Kanczuk coloca o problema em outros termos. Ele lembra que medidas como o consignado ou a ampliação da faixa de isenção do IR fazem com que a taxa de juros neutra, que não desacelera nem acelera a economia, se mantenha em um nível elevado.

A chamada taxa neutra é um cálculo que funciona como uma espécie de guia para o BC na hora de decidir os juros: é uma referência de qual deve ser a Selic (taxa básica de juros) para manter a inflação sob controle, preservando o poder de compra da população.

“A conta é: se a Selic menos a inflação esperada estiver acima do juro neutro, isso contrai a atividade, e a inflação cai. E vice-versa. Mas quando você faz expansão fiscal, está atuando no sentido contrário, e o juro neutro sobe. Se o governo eleva a taxa neutra através de benefícios, o Banco Central precisa elevar ainda mais a Selic”, explica Kanczuk, que é diretor de macroeconomia do ASA.

Para o economista, como consequência dos estímulos, a taxa de juros neutra hoje está em 8%, e não em 5%, como vê o Banco Central. “Se o juro neutro estivesse em 5%, a economia estaria afundando, deveríamos estar em uma recessão brava. E não estamos, por causa dos estímulos”, afirma.

Ele avalia que a PEC da Transição foi “um impulso fiscal gigantesco” — a proposta adicionou R$ 150 bilhões anuais nas despesas, mantendo o benefício social de R$ 600 instituído no governo Bolsonaro e acrescentando o pagamento de R$ 150 a beneficiários com criança de até seis anos. “Como a economia vai desacelerar com isso?”, questiona.

Kanczuk lembra que em fevereiro a atividade econômica cresceu mais que o esperado com o impulso do setor agropecuário, segundo dados do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), mostrando alta de 0,4%. Em 12 meses, a expansão é de 4,1%.

“A questão que fica no governo Lula 3 é: por que a economia brasileira não desacelera, apesar dos juros tão altos? Significa que há algo empurrando a economia para o outro lado. Todo mês tem algum estímulo na praça”, diz Ivo Chermont, economista-chefe da gestora Quantitas.

Para o especialista, os estímulos podem atrasar uma eventual queda da taxa básica de juros. “O governo Lula 3 claramente usou o fiscal para impedir que a economia tivesse qualquer desaceleração. Houve uma herança maldita do governo Bolsonaro, 2022 foi uma catástrofe em termos de gastos. Mas o remédio para essa gastança foi gastar mais.”

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