/ May 14, 2025

Arrocho dos juros é assunto de Lula – 13/05/2025 – Vinicius Torres Freire

O Banco Central bem que gostaria de ter encerrado a campanha de alta da Selic, que chegou a 14,75% ao ano na quarta passada. Nesta terça, na exposição de motivos dessa alta extra de meio ponto percentual, reiterou que deixa a porta aberta para mais alguma alta, de 0,25 ponto percentual, como havia feito no comunicado da decisão da semana passada. Foi o que disse na chamada “Ata do Copom”. Se tiver qualquer fio de esperança, deixa a coisa em 14,75%.

Ainda assim, afora milagres, a taxa de juros de um ano, no mercado, deve ficar em 8% ao ano ou mais até fins do governo Lula, em termos reais —descontada a inflação. Está ora perto de 9% ao ano (triscou em 10% no pânico de dezembro).

Para quem tem perspectiva FIRME de fazer um investimento de prazo mais longo (uns quatro anos, ao menos) e tem a boa sorte de dispor de uma poupança financeira já convenientemente diversificada, é um momento muito bom para colocar títulos do governo em sua carteira.

Sim, a taxa real pode cair um pouco de agora em diante, afora trumpices piores ou outras desgraças. Ainda será um rendimento absurdamente alto (para quem se dispõe a mantê-lo até o vencimento, ATENÇÃO) e um sinal de que as contas do governo estão em uma situação desgraçada. Mas, enfim, o pico do arrocho vai passar.

O Banco Central foi convincente? Foi convincente ao menos no sentido de reafirmar o tamanho da confusão, de dizer que está muito mais difícil do que de costume dar um chute informado a respeito do que vai acontecer.

Por exemplo, repete, como em março, que há sinais “incipientes” de desaquecimento da atividade econômica. Até que há, para quem olha a coisa com lupa. Mas são tão poucos e pequenos que não servem para fundamentar decisão alguma.

Nos “riscos de baixa” para a inflação incluídos na Ata deste maio, estão uma desaceleração maior da economia mundial e do preço das commodities (petróleo, grãos, ferro). Hum.

Entre a decisão da quarta passada e a divulgação da Ata, nesta terça, Estados Unidos e China declararam trégua na guerra estúpida de Donald Trump. Os preços de commodities como minério de ferro e petróleo se reanimaram (tanto que a Bolsa brasileira subiu, nesta terça). Sim, aumentaram a partir de valores desanimados, mas subiram. Até onde vão?

Por outro lado, talvez ainda prevaleça a tese de que o dólar perderia valor ao longo do ano, dando uma mão para o trabalho do Banco Central de conter a inflação. Mesmo com a reversão do pior cenário para os efeitos das “tarifas” de Trump, o dólar desceu a R$ 5,60. Indo a perto de R$ 5,40, terá voltado aos valores reais do início de 2024.

O cenário ainda é de névoa total. Há Trump, suas reviravoltas e seus efeitos incertos na economia real. Há o fato de que, pelo menos desde 2022, não entendemos bem o que se passa com a economia brasileira, que cresceu mais do que o previsto.

Aliás, o PIB cresceu por um tempo, acima do previsto e do hipotético potencial, sem pressões maiores sobre a inflação, estresse que começou a ficar visível apenas no ano passado e em parte desnecessário —se o governo tivesse tomado alguma atitude em relação às contas públicas, a história seria um pouco outra. O assunto macroeconômico essencial é esse.

Dívida explosiva e taxas de juros altas por um longo tempo, seja lá o que faça o Banco Central, serão nosso problema e nosso conflito social e político em 2027 e, talvez, bem além.


LINK PRESENTE: Gostou deste texto? Assinante pode liberar sete acessos gratuitos de qualquer link por dia. Basta clicar no F azul abaixo.

Notícias Recentes

Travel News

Lifestyle News

Fashion News

Copyright 2025 Expressa Noticias – Todos os direitos reservados.