O governo Lula ainda não definiu quem será o sucessor de Antônio Barra Torres no cargo de diretor-presidente da Anvisa, posto deixado por ele em dezembro após o fim do mandato. Dois nomes, no entanto, disputam a vaga.
O mais certo deles até o momento é o de Leandro Pinheiro Safatle, atual secretário-adjunto da Secretaria de Ciência, Tecnologia e Inovação do Ministério da Saúde.
Especialista em gestão de políticas públicas, Safatle é servidor público, já atuou na Fiocruz e foi indicado pelo governo como próximo presidente em um decreto editado em dezembro.
No entanto, a volta de Alexandre Padilha ao comando do Ministério da Saúde mudou o cenário da sucessão na agência.
Nas últimas semanas, Meiruze Sousa Freitas, diretora da Anvisa até dezembro, ganhou força. Farmacêutica e servidora de carreira, ela é vista como um nome para afastar uma indicação de cunho político para o cargo.
Havia a expectativa de que o Senado realizasse no início do ano uma sabatina para analisar os nomes do governo para a composição da diretoria.
A indefinição decorre de uma queda de braço com o governo, liderada pelo presidente da Casa David Alcolumbre (União Brasil-AP). Ele pleiteia a nomeação de diretores na Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica) e na ANP (Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis).
Já são cinco meses sem uma data para a sabatina, movimento visto como uma sinalização de que o processo está em aberto.
Além de Safatle, o governo indicou em dezembro os nomes de Daniela Marreco e Diogo Penha Soares para postos na diretoria da agência. Na semana passada, Lula solicitou ao Congresso a troca de Soares pelo advogado Thiago Lopes Cardoso Campos.
No ano passado, Meiruze Freitas foi condecorada por Lula com a medalha de mérito Oswaldo Cruz como reconhecimento por sua atuação como diretora durante a pandemia da Covid-19.
Ao Painel S.A., ela não escondeu que aguarda uma futura nomeação, mas explicou que isso depende de um novo despacho do governo, reposicionando seu nome como indicação para a presidência da Anvisa.
“Meu nome é colocado na mesa como estratégico, especialmente pelo meu histórico na Anvisa. Se isso acontecer, estou pronta”, disse Meiruze.
Atualmente, a Anvisa opera com dois diretores, sendo uma diretora substituta cujo mandato está próximo do vencimento. Em situações assim, o prazo de permanência é de até 180 dias.
“Isso coloca em fragilidade as decisões da agência. Vamos lembrar que amanhã [quarta-feira] está na pauta da Dicol [diretoria colegiada] a normativa sobre o plantio da cannabis. É uma matéria extremamente importante, estratégica, que tem uma decisão judicial do STJ sobre o tema e temos uma diretoria bem incompleta para deliberar”, disse Meiruze.
Com Diego Felix