As ações do Banco do Brasil desabam mais de 12% nos primeiros negócios desta sexta-feira (16), após resultado bem abaixo das previsões no mercado, com o banco de controle estatal suspendendo várias previsões sobre o desempenho em 2025.
Às 11h35, os papéis do BB caíam 11,80%, a R$ 25,92, a maior queda do Ibovespa, que recuava 1,04%.
“Pior do que se temia”, escreveram analistas do BTG Pactual em relatório sobre o balanço, que mostrou lucro líquido ajustado de R$ 7,37 bilhões, uma queda de 20,7% em relação ao mesmo período do ano anterior. A média das estimativas de analistas compiladas pela LSEG apontava lucro de R$ 9,23 bilhões.
O BB relacionou o desempenho pior no primeiro trimestre, bem como a suspensão de previsões, ao agravamento da inadimplência de parte da carteira de agronegócios acima do esperado em 2025 e à vigência das novas regras contábeis.
A margem financeira bruta do BB caiu 7,2% ano a ano no primeiro trimestre, a R$ 23,9 bilhões, com alta de 10,7% na despesa esperada e queda de 35,3% na recuperação de crédito.
O BB afirmou que o custo do crédito foi influenciado, principalmente, pela continuidade da dinâmica agravada da carteira de agronegócios, cuja inadimplência alcançou 3,04%, de 2,45% no quarto trimestre do ano passado e 1,19% um ano antes.
Em teleconferência com analistas nesta sexta, o vice-presidente de gestão financeira do BB, Geovanne Tobias, afirmou que dados de abril ainda demonstram uma resiliência da inadimplência do agro.
Ele afirmou, contudo, que o banco acredita que medidas de judicialização, protesto e cobrança, aliadas à geração de renda maior no campo por safra recorde, devem conseguir controlar a inadimplência no agro no segundo semestre.
A piora no resultado, porém, foi além do agro. Em pessoa física, o índice de inadimplência acima de 90 dias ficou em 5,10%, de 4,66% no final do ano passado e 4,77% um ano antes, enquanto na pessoa jurídica subiu a 4,06%, de 3,51% em dezembro e 3,19% um ano antes.
O Bradesco BBI cortou a recomendação das ações para neutra, afirmando que “as preocupações com a qualidade dos ativos aumentaram, com deterioração de todos os segmentos”.
O BTG manteve a recomendação de compra para os papéis, citando o patamar de preço das ações, mas também destacou que a mudança nas regras contábeis sugere que o BB não tem um ROE recorrente/sustentável acima de 20%.