Os EUA perderam sua classificação de crédito máxima (triplo A) concedida pela Moody’s Ratings devido a preocupações com o aumento dos níveis da dívida pública.
Na tarde de sexta-feira (16), a agência rebaixou a classificação de crédito dos EUA de Aaa para Aa1, enquanto a perspectiva foi alterada de negativa para estável. As outras principais agências, Fitch e S&P, já haviam retirado a classificação impecável dos EUA anteriormente.
A Moody’s afirmou que espera que os déficits federais aumentem para quase 9% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2035, em comparação com 6,4% no ano passado, devido ao aumento dos pagamentos de juros sobre a dívida, gastos com direitos adquiridos e uma “geração de receita relativamente baixa”.
“Esse rebaixamento de um nível em nossa escala de 21 níveis reflete o aumento, ao longo de mais de uma década, da dívida pública e das razões de pagamento de juros para patamares significativamente superiores aos de soberanos com classificação semelhante”, escreveu a agência.
A notícia provocou alta nos rendimentos dos títulos do Tesouro dos EUA. A taxa do título de referência com vencimento em 10 anos subiu 0,03 ponto percentual após o anúncio, atingindo 4,48%. Quanto maior a percepção de risco, maior a taxa de retorno cobrada pelos investidores, o que explica a alta de juros desses títulos.
“O maior problema agora não são as tarifas, mas a falta de avanços nas negociações sobre o déficit em Washington”, afirmou Andy Brenner, chefe da corretora NatAlliance Securities, acrescentando que o rebaixamento está “pressionando os títulos do Tesouro”.
Na sexta, a proposta orçamentária e de reforma tributária dos republicanos foi rejeitada na Câmara dos Representantes, após parte do próprio partido de Donald Trump argumentar que a medida ampliaria demais o déficit federal.
Atualmente, o déficit está em 6,4% do PIB —um patamar que, segundo economistas, está bem acima do considerado sustentável no longo prazo. O Comitê para um Orçamento Federal Responsável (Committee for a Responsible Federal Budget) estima que o projeto de lei tributária pode adicionar até US$ 5,2 trilhões à dívida pública ao longo de 10 anos.