/ May 17, 2025

Chegada da gripe aviária ao Brasil afeta toda a economia – 16/05/2025 – Mercado

O primeiro caso de gripe aviária do país em granjas comerciais tira do Brasil o privilégio de ser o único grande produtor mundial livre da doença. Os reflexos dessa ocorrência serão muitos.

Internamente, afeta a renda do produtor, o mercado de trabalho, as exportações e até a inflação. Externamente, hoje o maior exportador mundial de carne de frango, o Brasil sofrerá barreiras sanitárias por parte de seus importadores. A China, uma das grandes compradoras, já está fora do mercado, além da União Europeia.

O setor de aves é muito importante para a economia brasileira e está enraizado em toda a cadeia econômica do país. Emprega próximo de 213 mil trabalhadores dentro da porteira, conforme dados do Cepea (Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada).

Se o foco da gripe aviária não for contido rapidamente, os reflexos sobre os produtores serão intensos, uma vez que a maioria deles está em pequenas propriedades e vive exclusivamente dessa atividade.

Outros 294,2 mil trabalhadores estão dentro da agroindústria, voltados para o abate de aves e para a preparação das carnes. A produção dessa proteína engloba ainda muitos trabalhadores nas áreas de serviços, de transporte, do setor financeiro e em portos.

A entrada do vírus em granjas comerciais ocorre exatamente dois anos após a chegada do vírus no país por meio de aves silvestres, em 15 de maio de 2023, no Espírito Santo. As regiões afetadas terão de fazer uma eliminação das aves, com sérios prejuízos financeiros e instabilidade social para os produtores.

A influenza aviária chega pelo Rio Grande do Sul, um estado que vem sendo castigado por secas e enchentes na área de grãos. Agora atinge um setor muito importante para o estado.

Os gaúchos são responsáveis por 11,5% dos abates de frango no país e respondem por 13,4% das exportações. O problema maior é o vírus ter entrado pela região Sul, a principal no cenário da avicultura do país.

Os três estados do Sul são responsáveis por 65% da produção brasileira de frango e por 78% das exportações, conforme dados da ABPA (Associação Brasileira de Proteína Animal) de 2024. Se o vírus se alastrar por esses estados, o comprometimento da produção e exportação será grande.

A avicultura gaúcha representa um valor bruto de produção de R$ 11 bilhões no estado. É o dinheiro que circula dentro da porteira nas mãos dos produtores. O setor só perde para soja, com R$ 31 bilhões, e arroz, com R$ 18 bilhões, conforme dados do Ministério da Agricultura. A avicultura representa 10,5% de todo o valor da produção agropecuária do Rio Grande do Sul.

A gripe aviária de alta patogenicidade está presente em praticamente todo o mundo. Ela chega em um momento em que o governo brasileiro tem um Orçamento comprometido, mas deverá investir muito para conter esse foco inicial e, pelo exemplo dos demais países produtores, não será uma medida fácil.

O caso mais gritante hoje são os Estados Unidos. A doença retornou ao país no início de 2022 e, por mais que o governo tenha injetado dinheiro no combate, ela continua se alastrando. Os dados desta quarta-feira (14) indicavam que o país já abateu 169,3 milhões de aves, e que o vírus atingiu todos os estados americanos.

O pior é que a gripe chegou também ao gado. Desde o ano passado, já são 1.063 rebanhos afetados, em 17 estados dos Estados Unidos.

No final do governo de Joe Biden, foram destinados US$ 800 milhões (R$ 4,6 bilhões) para o combate da doença. O atual governo prometeu colocar mais US$ 1 bilhão (R$ 5,7 bilhões). Mesmo com tanto recurso, há dificuldades para conter os estragos econômicos da doença no país. O exemplo mais recente foi o dos ovos, cujos preços dispararam devido ao abate de poedeiras. Houve também uma redução na oferta de carne de frango, com alta de preços e efeitos na inflação.

O Brasil é o terceiro maior produtor mundial de carne de frango, com produção de 14,97 milhões de toneladas. À frente dele estão China, com 15 milhões, e Estados Unidos, com 21,4 milhões.

Os brasileiros, líderes em exportações, colocaram 5,3 milhões de toneladas de carne de aves no mercado externo no ano passado, com receitas de US$ 9,9 bilhões (R$ 56,4 bilhões). O país é responsável por 39% do comércio mundial, que absorve 35% da produção nacional. O consumo mundial de carne de frango é de 101 milhões de toneladas.

Os reflexos de uma eventual expansão da gripe aviária recairiam também sobre outras regiões produtoras de grãos, principalmente no Centro-Oeste, uma vez que soja e milho são dois componentes essenciais na composição da ração animal. A demanda interna por milho, hoje prevista em 89 milhões de toneladas, seria reduzida, dependendo da extensão da doença.

Uma demanda menor de milho afeta o produtor no campo. O país vem obtendo safras recordes nos últimos anos, e os preços, tanto os internos como os externos, já não estão muito favoráveis.

A eventual morte de poedeiras afetaria também a crescente produção de ovos do país, que soma 58 bilhões de unidades por ano. A chegada do vírus ocorre em um momento de aumento de consumo interno de carne de frango e de ovos, proteínas de menor custo para os consumidores.

Segundo a ABPA, o consumo anual de carne de frango é de 45,5 kg por habitante, e o de ovos, de 269 unidades.

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