O secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, minimizou neste domingo (18) o rebaixamento da recomendação de crédito soberano do país pela Moody’s, enquanto o Congresso, controlado pelos republicanos, tentava levar adiante o projeto de lei de corte de impostos do presidente Donald Trump.
Bessent disse em duas entrevistas que as disposições do projeto que estendem os cortes de impostos de 2017 aprovados no primeiro mandato de Trump estimulariam o crescimento econômico.
“Não dou muita credibilidade ao rebaixamento da Moody’s”, disse Bessent ao programa “State of the Union”, da CNN.
Na sexta-feira (16), o Comitê de Orçamento da Câmara dos Deputados rejeitou o projeto de lei, com um punhado de republicanos da linha dura dizendo que estavam preocupados com o fato de ele não cortar suficientemente gastos.
O presidente da Câmara, Mike Johnson, disse no domingo que a Câmara ainda está “no caminho certo” para aprovar o projeto de lei. O comitê deve tentar novamente, em uma rara audiência na noite de domingo.
Ao rebaixar a nota de crédito dos EUA de Aaa (máxima) para Aa1, a Moody’s afirmou que espera que os déficits federais aumentem para quase 9% do PIB (Produto Interno Bruto) até 2035, em comparação com 6,4% no ano passado, devido ao aumento dos pagamentos de juros sobre a dívida, gastos com direitos adquiridos e uma “geração de receita relativamente baixa”.
“Esse rebaixamento de um nível em nossa escala de 21 níveis reflete o aumento, ao longo de mais de uma década, da dívida pública e das razões de pagamento de juros para patamares significativamente superiores aos de soberanos com classificação semelhante”, escreveu a agência.
Trump cumprirá ameaças de tarifas se países não negociarem de ‘boa fé’, diz Bessent
Bessent também disse neste domingo que o presidente Donald Trump imporá as tarifas que ameaçou aplicar no mês passado aos parceiros comerciais que não negociarem de “boa fé” os acordos.
Ele não disse o que constituiria negociações de “boa fé” nem esclareceu o momento de anunciar qualquer decisão de retornar um país às tarifas que Trump impôs inicialmente em 2 de abril.
Desde então, Trump reverteu o curso, principalmente em 9 de abril, quando reduziu suas tarifas sobre a maioria dos produtos importados para 10% por 90 dias para dar tempo aos negociadores de fechar acordos com países. Ele reduziu separadamente a taxa para produtos chineses para 30%. Na sexta-feira, ele reiterou que seu governo enviaria cartas informando aos países quais seriam suas taxas.
Neste domingo, Bessent disse que o governo estava concentrado em suas 18 relações comerciais mais importantes e que o cronograma de quaisquer acordos também dependeria do fato de os países estarem negociando de boa fé, com o envio de cartas àqueles que não estivessem.
“Isso significa que eles não estão negociando de boa fé. Eles receberão uma carta dizendo: ‘Esta é a tarifa’. Portanto, eu esperaria que todos viessem e negociassem de boa fé”, disse ele ao programa “Meet the Press” da NBC News.
Ele acrescentou que os países que forem notificados provavelmente verão suas taxas retornarem aos níveis estabelecidos em 2 de abril.
Perguntado sobre quando os acordos comerciais poderiam ser anunciados, Bessent disse separadamente à CNN: “Novamente, isso dependerá se eles estão negociando de boa fé”.
“Minha outra impressão é que faremos muitos acordos regionais —esta é a taxa para a América Central. Esta é a taxa para esta parte da África”, acrescentou.