/ May 19, 2025

Gigantes petrolíferas se preparam para queda de preços – 19/05/2025 – Mercado

As maiores empresas petrolíferas do mundo estão preparadas para uma queda prolongada nos preços do petróleo —a terceira em pouco mais de uma década— enquanto buscam tranquilizar os investidores de que estão preparadas para o pior.

Executivos da ExxonMobil, Chevron, Shell, TotalEnergies e BP usaram suas atualizações trimestrais de resultados para tranquilizar investidores de que seus balanços permanecem fortes e que não serão apressados a fazer reduções desnecessárias em gastos e retornos aos acionistas.

“Estamos vendo uma pressão significativa para baixo nos preços e margens”, diz o chefe da ExxonMobil, Darren Woods, aos analistas este mês, acrescentando que a empresa de US$ 472 bilhões (R$ 2,7 trilhões) se preparou para uma desaceleração cortando cerca de US$ 13 bilhões (R$ 73 bilhões) em custos ao longo de cinco anos.

“Nossa organização planejou para isso. Testamos nossos planos e os resultados financeiros com cenários mais severos do que nossa experiência com a Covid”, disse Woods, referindo-se à queda de 2020 que acompanhou a pandemia. “Nenhuma outra empresa petrolífera internacional chega perto”.

Os preços do petróleo caíram abaixo de US$ 60 (R$ 338) por barril em abril e a previsão é que fiquem em média cerca de US$ 65 (R$ 366) pelo restante do ano, à medida que o cartel da Opep+, que inclui Arábia Saudita e Rússia, continua a aumentar a oferta. O Brent, referência internacional, estava sendo negociado abaixo de US$ 65 por barril na sexta-feira (16).

A Chevron, que está reduzindo sua força de trabalho em um quinto, tranquilizou os investidores de que produziria US$ 9 bilhões (R$ 50,7 bilhões) de fluxo de caixa livre com o petróleo a US$ 60 por barril. A Shell disse que seria capaz de pagar seu dividendo mesmo se o petróleo caísse para US$ 40 (R$ 225), e que suas recompras de ações continuariam a aproximadamente metade da taxa atual com o barril a US$ 50 (R$ 282).

A Shell acrescentou que, até agora, não mudou seus planos de gastos. “Não estamos pedindo aos nossos negócios para pararem projetos”, disse Sinead Gorman, diretora financeira, na teleconferência de resultados da empresa.

Patrick Pouyanné, diretor executivo da TotalEnergies, disse que a reação desta vez foi a mesma que durante a crise do coronavírus —”sem pânico”— e observou como sua empresa se recusou a cortar seu dividendo mesmo durante o pior da pandemia.

Quedas anteriores nos mercados de petróleo —incluindo uma que resultou das guerras de preços entre Arábia Saudita, EUA e Rússia de 2014 a 2016— forçaram cortes profundos de gastos na indústria, bem como atrasos em projetos. A dívida também aumentou à medida que as grandes empresas petrolíferas tomaram empréstimos para manter operações e retornos aos acionistas.

Algumas também aproveitaram oportunidades, como a aquisição do Grupo BG pela Shell em 2015 e a aquisição da Noble Energy pela Chevron em 2020. “Estamos melhor posicionados do que outros para responder aos desafios do mercado e, de fato, aproveitar as oportunidades que eles apresentam”, observou Woods, da Exxon.

As grandes petrolíferas coletivamente reduziram os planos de despesas de capital em 2% durante a recente temporada de resultados, estimou a analista do HSBC Kim Fustier, que esperava mais reduções se os preços do petróleo permanecessem nos níveis atuais.

A Wood Mackenzie, consultoria de energia, previu US$ 98 bilhões (R$ 552 bilhões) em gastos de capital este ano entre as cinco supermajors —quase 5% a menos que em 2023.

“Elas estão em um modo de espera”, disse Fustier. “Claramente não querem se apressar em tomar decisões irreversíveis.”

Ela também observou como a recente queda nos preços do petróleo ocorreu apenas semanas depois que várias das grandes empresas petrolíferas delinearam planos de longo prazo baseados no petróleo sendo negociado acima de US$ 70 (R$ 394) este ano, tornando difícil revisar as orientações tão cedo. “Acho que as empresas deveriam ter apresentado um plano onde entradas e saídas de caixa estivessem equilibradas a US$ 65 por barril, mas nenhuma delas o fez”, acrescentou Fustier.

Os analistas do HSBC citaram o ajuste a preços mais baixos do petróleo ao cortarem sua previsão de lucro por ação para 2025 para as grandes empresas petrolíferas listadas, incluindo um corte de 35% para a BP e 18% para a Chevron.

O analista do Bank of America, Christopher Kuplent, disse que, embora o petróleo a US$ 65 por barril possa não causar grandes perturbações para as majors, qualquer queda adicional arriscaria um impacto mais significativo.

“Minha preocupação é que não fiquemos em US$ 65. Nossa previsão interna é que, ao longo do segundo e terceiro trimestres, o Brent terá média abaixo de US$ 60. Esse tipo de cenário revelará vulnerabilidades”, disse.

Kuplent também disse que discordava das afirmações dos grandes grupos petrolíferos de que estavam prontos para uma desaceleração, observando como uma década de cortes deixou muitas empresas com flexibilidade limitada para mais reduções sem colocar em risco a produção de petróleo e gás.

“Dez anos em uma campanha de eficiência que tornou muitas empresas muito mais enxutas, o escopo para oferecer mais está muito reduzido”, disse.

Notícias Recentes

Travel News

Lifestyle News

Fashion News

Copyright 2025 Expressa Noticias – Todos os direitos reservados.